Na manhã desta quarta-feira, a ONG Rio de Paz realiza um ato público na Praia de Copacabana, na zona sul carioca, em protesto contra os casos de desaparecimento não esclarecidos no Estado.
Dez manequins cobertos com um tecido branco estão espalhados nas areias da praia, simbolizando os casos de desaparecimento não registrados em delegacia desde 2007. Segundo a ONG, são 35 mil casos de desaparecimento no Estado do Rio neste período.
Um dos últimos casos foi o do pedreiro Amarildo Souza, que desapareceu em 14 de julho após ter sido levado por policiais militares à Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha. Os parentes dele devem participar do ato.
Morador da Rocinha e pai de seis filhos, Amarildo sumiu sem deixar rastro depois de ser levado à UPP da favela. Para o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), a principal suspeita recai sobre os policiais da UPP.
- Não temos até o momento nenhuma novidade que mude o rumo da investigação. O que se tem clareza é que ele sumiu após a intervenção dos policiais da UPP - afirma Freixo, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio.
As câmeras da unidade pararam de funcionar no mesmo dia em que o pedreiro desapareceu. O relatório da empresa Emive, responsável pelas duas câmeras instaladas na UPP, que aponta o defeito nos equipamentos justamente no dia do sumiço do pedreiro, foi obtido pelo RJTV, da Rede Globo. Das 80 câmeras da Emive instaladas na Rocinha, apenas as duas da sede da UPP apresentaram problemas.
No fim da tarde de terça-feira, policiais militares encontraram, em um valão da Rocinha, um corpo em estado avançado de decomposição.
- Não é o Amarildo, o corpo é de uma mulher - disse a sobrinha do pedreiro, Michelle Lacerda, informção confirmada no início da noite de terça pela Polícia Civil.
Nesta quarta-feira dever ser realizada a coleta de material genético para exame de DNA de um dos filhos de Amarildo - o objetivo é verificar se marcas de sangue encontradas por peritos no banco traseiro de uma das viaturas da UPP da Rocinha é de Amarildo.
Em nota, a Polícia Civil informou que as câmeras de segurança da Rocinha foram encaminhadas à perícia e que os aparelhos de GPS das viaturas estão sendo analisados.
Também foram realizadas buscas na zona portuária. O delegado responsável pela investigação, Orlando Zaccone, deverá concluir nesta quarta um relatório sobre o caso, que será encaminhado para a Delegacia de Homicídios.
Após o sumiço do pedreiro, os gritos de "Cadê o Amarildo" tornaram-se frequentes em manifestações realizadas no Rio contra o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).
A família de Amarildo, pai de seis filhos, continua morando na Rocinha e organiza um protesto para quinta-feira.