Conservacionistas que lutam para salvar os corais de áreas costeiras deveriam pensar primeiro em combater o desmatamento local ao invés de atacar o risco mais amplo do aquecimento global, sugere um estudo incomum publicado esta terça-feira.
Os sedimentos arrastados rio abaixo pela terra desmatada podem enfraquecer corais costeiros e turvar a água, diminuindo a luz da qual dependem as comunidades coralinas.
Quando o sedimento se assenta no leito marinho, ele abafa os corais, forçando-os a aumentar o gasto de energia para sobreviver, elevando o risco de branqueamento e morte.
Uma equipe de cientistas chefiada por Joseph Maina, da Universidade Macquarie, em Sydney, Austrália, realizou uma simulação em computador de quatro sistemas fluviais em Madagascar cujos fluxos impactam os ecossistemas coralinos locais.
Em 2090, o aquecimento global terá um grande efeito sobre estes corpos hídricos, reduzindo as precipitações e, como resultando, diminuindo o depósito de sedimento no mar, afirmaram.
"No entanto, estes declínios provocados pelas mudanças climáticas são excedidos pelo impacto do desmatamento", destacou o artigo.
O desmatamento em Madagascar fez quintuplicar o sedimento nos rios desde que o assentamento humano se expandiu para lá, estimou.
Os volumes de sedimento poderia ser reduzida em 19% e 68% se de 10% a 50% das florestas naturais forem restaurados, acrescentou.
Plantar novas florestas "oferece a promessa de consequências ambientais sustentáveis frente às mudanças climáticas em um dos pontos mais relevantes de biodiversidade no mundo", destacou.
Os cientistas afirmam que climas mais quentes juntamente com a sobrepesca e a perda de hábitat, são riscos maiores para os corais, dos quais dependem centenas de milhões de pessoas.
Um quarto dos corais construtores de recifes estão em risco de extinção, segundo a Lista Vermelha de espécies ameaçadas, compilada pela União Internacional para a Preservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).