20 de junho de 2013, entrará para a história das mobilizações populares. Nas principais cidades brasileiras, milhares de pessoas foram às ruas para protestar por diferentes motivos. No total, mais de um milhão de pessoas participaram das manifestações.
O Brasil foi sacudido na noite de ontem, de Sul a Norte, pelo som das ruas. Na maior manifestação popular em 20 anos, ativistas que lutam por um rol de 50 causas diferentes marcharam pelas ruas de mais de cem cidades. E foi com confronto. Nas principais capitais, o que era para ser uma passeata virou batalha campal. A onda de protestos levou a presidente Dilma Rousseff a convocar para a manhã desta sexta uma reunião de emergência com os seus principais ministros para avaliar a conduta do governo.
Em Porto Alegre, os maiores confrontos aconteceram entre policiais e manifestantes nas avenida Ipiranga e Azenha, repetindo o cenário de segunda-feira. A BM esgotou caixas inteiras de bombas de efeito moral, na tentativa de conter o avanço de ativistas e depredações feitas por vândalos, que saquearam lojas no bairro Azenha.
Em Brasília, ativistas tentaram mais uma vez invadir o Congresso - já tinham feito isso no início da semana - e entraram em confronto com 50 policiais que cercavam o parlamento. Os manifestantes também protestaram em frente ao Ministério da Justiça, bloqueado pela PM, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Itamaraty, que chegou a pegar fogo por força de uma bomba incendiária lançada pelos manifestantes.
O Rio de Janeiro, que teve a maior passeata - estimada em 300 mil pessoas pela PM -, também viveu uma guerra urbana. Primeiro, entre os próprios manifestantes: cerca de 20 militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) foram expulsos da concentração para o protesto contra o preço e a qualidade do transporte público. Os militantes foram encurralados na esquina da Avenida Presidente Vargas com a Praça Pio 10, onde levaram socos e empurrões. Os antipartidários destruíram as bandeiras e todo o material do grupo vinculado à CUT e levaram os mastros como prêmio. Pressionados pela multidão que gritava "Sem partido", os militantes deixaram o local pela Rua da Quitanda. Já ao anoitecer, aconteceu um confronto entre os manifestantes e PMs próximo ao Estádio Maracanã e à prefeitura do Rio. Os ativistas atearam fogo em carros.
Em São Paulo, num repeteco do Rio, militantes do PT e da CUT foram agredidos e vaiados por manifestantes que estavam na Avenida Paulista, próximo à Rua Haddock Lobo. Os petistas respondiam às agressões gritando: "Democracia". Já os outros manifestantes, que não querem a presença de partidos políticos no local, gritavam: "oportunistas". Na noite anterior, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, já tinha ocorrido o mesmo. Grupos anti-PT fizeram um ato em frente ao prédio onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um apartamento. Os manifestantes portavam cartazes e gritavam palavras de ordem contra Lula. Não houve confronto.
Protestos no Interior
Em Campinas ocorreram confrontos entre manifestantes e a PM. Em Vitória, 10 mil pessoas caminharam na divisa do município com Vila Velha, obstruindo a ponte entre as duas cidades, mas sem confrontos.
Em Salvador, o confronto foi à tarde, entre manifestantes anti-Copa e PMs, nas proximidades da Arena Fonte Nova, onde se realizava o jogo Nigéria X Uruguai. Houve pancadaria e lançamento de bombas de efeito moral. A estimativa é que 20 mil ativistas tenham participado. Os manifestantes queimaram lixeiras e pelo menos um ônibus. O corre-corre foi intenso.
Em Belo Horizonte o movimento está dividido. Ocorreu uma briga entre militantes partidários e ativistas apartidários.
O interior gaúcho e a Grande Porto Alegre também registraram protestos nas principais cidades. Em Viamão, a Avenida Américo Vespúcio foi bloqueada por manifestantes. Os ônibus tiveram de desviar, e o comércio fechou portas. Em Alegrete, manifestantes protestaram em frente às empresas de ônibus. Em Santa Rosa, Santa Maria, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santana do Livramento, Bagé, Cachoeira do Sul, São Leopoldo, Sapiranga e Lajeado as caminhadas se deram sem transtornos. Pelo menos nesses locais, a ideia de uma grande mobilização sem violência vingou.