Um anteprojeto de restauração do Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre, apresentado ontem, representa não somente uma chance de recuperar prédios históricos datados de 1935. Será a oportunidade de reabilitar um ícone da formação de uma das profissões mais desvalorizadas no Estado nas últimas décadas, a de professor.
Corredor que liga prédio ao pátio está pichado
Foto: Lauro Alves, Agência RBS
Fundado em 1869 com o nome de Escola Normal da Província de São Pedro, o instituto começou a funcionar em 1937 nos prédios construídos no Parque da Redenção para a exposição do Centenário Farroupilha, em 1935. Passou a chamar-se Escola Normal General Flôres da Cunha e, durante 60 anos, foi a única formadora de professores no Rio Grande do Sul.
Biblioteca da escola tem goteiras
Foto: Lauro Alves, Agência RBS
A imponência da edificação ainda é notável na Avenida Osvaldo Aranha, 527. A escadaria de mármore é um marco do instituto, decorada por três telas gigantes, datadas de 1919, 1922 e 1923, já restauradas.
Ginásio virou um depósito de material inutilizado
Foto: Lauro Alves, Agência RBS
No geral, porém, os edifícios estão aos pedaços. Como o ginásio, interditado há cerca de 15 anos, conforme a vice-diretora Alessandra Lemes da Rosa. Em vez de o espaço ser usado para as aulas de Educação Física, ele abriga famílias de gatos, ratos e muito material inutilizado, desde cadeiras quebradas até catracas velhas e bolas furadas. O piso está destruído. Algumas salas de aula também estão avariadas.
- A chuva é o maior problema, devido às infiltrações. Aí, tem de interditar algumas salas - diz Alessandra.
Piso do ginásio está completamente destruído
Foto: Lauro Alves, Agência RBS
Representantes da 3C Arquitetura e Urbanismo Ltda., vencedora da licitação, explicaram o anteprojeto na manhã de quinta-feira à comunidade escolar. A empresa terá 180 dias para elaborar o projeto, no valor de R$ 591 mil. O coordenador do trabalho e sócio da 3C, Leonardo Hortencio, afirma que o tombamento do instituto pelo Estado e pelo município torna complexo o restauro.
- A escola não tem acesso universal, mas não se pode colocar rampas nas escadas. Será preciso instalar um elevador, mas sem impacto na construção, além de saídas de incêndio. É um estudo muito criterioso e demorado - avalia.