Quando desembarcar em Porto Alegre no dia 15 de abril, Paulo Niemeyer dará novos passos para que alguns dos mais importantes rabiscos de seu bisavô ganhem vida. Em concreto, vidros e curvas, dispostos conforme o talento de Oscar Niemeyer, duas obras passam a abrigar a memória de quatro gaúchos que fizeram história para além das fronteiras do Estado.
O arquiteto vem para acompanhar a execução dos últimos detalhes do Memorial Luís Carlos Prestes, ainda escondido atrás de tapumes no encontro das avenidas Ipiranga e Edvaldo Pereira Paiva. A obra iniciada em maio de 2012 foi executada pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), como contrapartida pela cessão de uso do terreno para a nova a sede da entidade, e deve ser inaugurada em junho.
Com isso, a vinda de Paulo Niemeyer já estaria justificada. Mas ele se dirige até a Capital para traçar planos ainda maiores. O arquiteto deve se encontrar com o prefeito José Fortunati para protocolar o Caminho da Soberania - uma obra em homenagem a Jango, Getúlio e Brizola, que deve ser construída em uma área de 23 mil metros quadrados à beira do Guaíba. A doação para o terreno da obra foi sancionada em 2008, pelo então prefeito José Fogaça.
Memorial terá um volume vermelho em alusão a uma foice, além de exposição sobre Prestes. Foto: Reprodução
O empreendimento cultural reunirá acervos que desvelam as histórias pessoal e política dos homenageados. Três bustos de bronze, cada um com três metros de altura, disputarão a atenção de motoristas e pedestres que passarem pela via. A ideia é utilizar a área como um pequeno parque, sem acesso a automóveis. Por dentro, as estruturas abrigarão objetos e documentos que contarão passagens importantes de um século - entre elas, a Revolução de 30, a Legalidade e o golpe militar de 1964.
Nos cálculos do arquiteto responsável pela execução, Hermes Teixeira da Rosa, o orçamento da obra deve ficar em torno de R$ 10 milhões. Segundo o presidente do conselho diretor da Fundação Caminho da Soberania, deputado federal Vieira da Cunha (PDT), a viabilização financeira deve ser buscada, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, junto a empresas públicas e privadas.
- Pretendemos captar recursos com empresas que tiveram alguma relação com os três homenageados ou influência deles, como a Petrobras, a Eletrobras e a Gerdau. É uma obra que tem muito valor pelo seu arquiteto e por toda a memória que irá abrigar - explica o deputado.