Passada a euforia inicial de ser escolhida sede da Copa do Mundo de 2014, a cidade de Natal viu a alegria paulatinamente se transformar em desconfiança. Uma pesquisa do instituto natalense Consult, realizada meses após o anúncio, ainda em 2009, mostrou que 66,5% dos habitantes da cidade acreditavam que Natal seria uma cidade melhor para se viver por conta dos investimentos para receber a Copa. Quatro anos depois, das obras anunciados pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte e pela Prefeitura de Natal, apenas o Estádio Arena das Dunas saiu do papel.
Após virar sede da Copa, Natal foi contemplada com R$ 400 milhões em obras viárias para melhorar a mobilidade urbana. Os trechos que ligam o Aeroporto Internacional Augusto Severo e a rede hoteleira da cidade à Arena das Dunas foram os mais beneficiados, com projetos que incluíam duplicações, construção de túneis e viadutos. Tendo em vista que falta pouco mais de um ano para o início do Mundial, a prefeitura de Natal teve de readequar as modificações previstas, sob pena de não conseguir finalizar as intervenções viárias em tempo hábil.
Por conta disso, os três lotes das obras viárias têm um novo prazo para serem iniciados: junho. Nos próximos três meses, os técnicos do município devem se debruçar sobre passos considerados iniciais ao se falar em uma obra desse tipo, como os estudos ambientais, as desapropriações e os projetos executivos.
A prefeitura desistiu de desapropriar cerca de 90% dos imóveis anteriormente planejados. Tudo para cumprir o prazo final. Dentre os três lotes de obras viárias sob a responsabilidade da prefeitura de Natal, dois podem ser concluídos em um período de 10 a 12 meses e por isso estão em "situação mais confortável", segundo o coordenador das obras do Mundial na capital potiguar, Alexandre Duarte. O outro lote, no entanto, depende do trâmite das desapropriações para virar realidade, considerado demorado pela possibilidade de questionamentos judiciais.
Os preparativos na área de segurança também estão envoltos em dúvidas. O secretário estadual de segurança, Aldair da Rocha, acredita ser necessário R$ 80 milhões em investimentos. Trata-se da compra de equipamentos, admissão de novos policiais militares e civis, entre outros pontos. O Governo do Rio Grande do Norte, sofrendo com dificuldades financeiras, afirma não ter como arcar com essa despesa em um curto espaço de tempo.
Por outro lado, a Arena das Dunas conseguiu avançar nas obras e, embora seja uma das mais atrasadas do país, não corre, segundo o Governo do Estado, risco de estourar o prazo. O estádio está sendo construído pelo Consórcio OAS e substituirá o antigo Machadão, construído na década de 70 e demolido mesmo contra a vontade da maioria dos natalenses. A construção da nova arena alcançou 57% de conclusão em um ano e três meses de obras.
NATAL
Estádio: Arena das Dunas (R$ 440 milhões)
Conclusão: 57%
Investimentos na cidade: R$ 400 milhões
Problemas: as obras viárias correm o risco de não ficarem prontas até 2014, já que sequer começaram.