O papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira que renunciará ao pontificado em 28 de fevereiro. Pronunciado em latim, o discurso foi proferido durante um consistório do Vaticano.
- Estou muito consciente de que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser executado não apenas com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando - afirmou o pontífice.
Bento XVI explicou que não tem mais forças para dirigir a Igreja Católica por causa da idade, 85 anos:
- Depois de ter examinado ante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino.
Quem é Bento XVI
Joseph Alois Ratzinger, o papa Bento XVI, tomou posse no dia 19 de abril de 2005.
O pontífice nasceu no dia 16 de abril de 1927, em Marktl am Inn, uma pequena vila na Baviera, às margens do rio Inn, na Alemanha. Foi eleito para suceder ao papa João Paulo II como o 265° papa.
O último Papa com este nome foi Bento XV, que esteve no cargo de 1914 a 1922. Era ele quem estava à frente da Igreja Católica durante a Primeira Guerra Mundial.
O Papa destacou que "no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito".
Em um livro de entrevistas publicado em 2010, o Papa já havia falado da possibilidade de renunciar caso não tivesse condições de continuar suas atividades.
Para expressar a surpresa ante o anúncio da renúncia, o decano dos cardeais, monsenhor Angelo Sodano, falou de um "trono em um céu sereno".
- O Papa anunciou que renunciará a seu ministério às 20h (16h no horário de Brasília) de 28 de fevereiro. Começará assim um período de 'sede vacante' - afirmou o padre Federico Lombardi, em um anúncio praticamente sem precedentes na Igreja Católica.
Em Milão, o primeiro-ministro italiano Mario Monti demonstrou surpresa:
- Estou muito comovido com esta notícia inesperada.
O único precedente da renúncia de um Papa remonta ao ano de 1294, quando Celestino V abdicou antes de ser consagrado. Antes de ser designado Papa, ele havia vivido como um ermitão e não se sentia preparado para assumir o comando da Igreja.