Como caxiense "da gema", desde muito cedo ouvi falar de Curaçao. A referência, porém, sempre foi uma piada interna bem conhecida entre os gringos de Caxias do Sul:
- Vou para Curasal.
- Onde?
- Entre Curumim e Arroio do Sal.
A verdade é que nunca havia pesquisado sobre Curaçao. Quando recebi o convite para ir à ilha caribenha, achei até engraçado. E, claro, ouvi umas duas vezes de amigos a famigerada piada.
Mas foi só no terceiro dia por lá que pude compreender plenamente a brincadeira com as duas praias do litoral gaúcho tão frequentadas pelos meus conterrâneos (inclusive eu). Foi quando, depois de um longo caminho de paisagens áridas repletas de cactus, meu olhar encontrou o verde e o azul-turquesa da praia de Kenepa. Apesar de já ter visto inúmeras vezes em fotos os tons da água do Caribe, fui pega de surpresa a ponto de prender a respiração. Desculpa, Curumim, mas não tem comparação.
Não sou uma amante do mar, mas, juro, tive vontade de sair correndo do ônibus e ir ao encontro dele. Maravilhada, não sabia se tirava fotos ou me jogava na água límpida e absurdamente convidativa. Depois de muitos anos, realmente não resisti ao banho de mar. Não em Curaçao.
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Apesar da grata surpresa com a água (repito, ver dezenas de fotos antes não tirou a graça do nosso encontro), como havia dito, não sou exatamente uma amante das praias (lembro de até ter dito várias vezes "odeio praia", mas hoje não sou tão radical assim). Portanto, um local que ofereça apenas isso como atração faz com que eu perca o interesse muito rapidamente. E, nisso, Curaçao também me surpreendeu.
Como a vizinha Aruba, a ilha foi colonizada por muitos países, o que tornou sua cultura bastante interessante. A começar pela língua.
Antes de viajar, confesso, precisei recorrer ao Google para saber que idioma se falava por lá. Mesmo lendo o que os sites diziam, a informação ainda não havia ficado clara para mim. Era o seguinte: nas antigas Antilhas Holandesas, fala-se papiamento. Hein? Uma palavra vinda do verbo "papear"?
Mais ou menos isso. Quando você ouve alguém falando em papiamento, em meio a palavras que parecem alemão, reconhece-se outras em português, outras em espanhol. Não, você não está louco. Diz-se que o idioma foi criado pelos escravos para que os patrões não os entendessem. Por isso, misturaram um pouco de todos os idiomas que se ouvia por lá, inclusive o português.
O que prevalece nessa mistura, porém, é o holandês dos colonizadores (holandês, hein, não alemão). Aliás, as Antilhas são grandes destinos turísticos para o povo da Holanda. Mas não se assuste, pois quase todos falam espanhol e inglês também.
*A editora do Viagem viajou a convite da Copa Airlines e do governo de Curaçao