José Carlos Tomina, superintendente do Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio, da ABNT, conversou com Zero Hora. Confira trechos da entrevista:
Zero Hora - A casa só possuía uma porta, usada para entrada e saída. Era suficiente para uma casa noturna de 615 metros quadrados?
José Carlos Tomina - A norma técnica prevê que casas noturnas tenham, no mínimo, duas saídas. Se a legislação de prevenção de incêndio gaúcha ou da cidade remete a essa norma, posso garantir que ela prevê a necessidade de duas saídas.
ZH - Apesar de a legislação gaúcha e de Santa Maria se basear na norma, o Corpo de Bombeiros defende que bastaria ter uma única saída, desde que larga o suficiente. Existe essa possibilidade?
Tomina - Não há essa possibilidade. Existem coisas básicas que não se abrem mão. Tecnicamente, o que a gente pode avaliar que o aconteceu lá poderia ser evitado. Era simplesmente cumprir o que está nesta NBR (norma). Se você tivesse, pelo menos, duas saídas, e bem sinalizadas, bem iluminadas, livres de fumaça, e aí você precisa trabalhar bem os materiais usados no local, isso teria sido evitado.
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ZH - A saída de emergência poderia ser colocada próxima do acesso principal?
Tomina - Não. Ela deveria estar em lado oposto. Imagina no caso de o fogo começar na frente: as duas saídas estariam bloqueadas pelas chamas. Ambas contarem com barras antitravamento, que permitissem a rápida saída.
ZH - O emprego de espuma inadequada contribuiu para a tragédia?
Tomina - Pelo que vimos, os materiais usados na casa eram altamente propagadores de chama e fumaça. Isso é inadmissível em termos de segurança.
Em gráfico, entenda a sequência de eventos que originou o fogo
Tragédia em Santa Maria
Norma prevê no mínimo duas saídas, segundo ABNT
Segundo engenheiro, a boate Kiss estava em desacordo com o que prevê a Norma 9.077, que estabelece a quantidade e as dimensões das saídas de emergência em edifícios
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