Nos supermercados, filas enormes se formam enquanto os caixas digitam preços um a um. Erros de digitação são rotina. Nas fábricas, estoques se confundem e pacotes são enviados para os destinos errados. Você já imaginou um mundo sem código de barras?
A invenção dos anos 1950 facilitou processos, diminuiu custos e criou uma linguagem simples e universal que torna os processos mais eficientes. É obra do americano Norman Woodland, que morreu nesta semana deixando um legado tão importante como pouco conhecido. Estudante da Universidade Drexel, nos EUA, Woodland e seu colega Bernard Silver usaram uma tinta que brilhava sob luz ultravioleta. Era a primeira versão do código de barras. Para o presidente da Associação Brasileira de Automação, João Carlos Oliveira, a criação de Woodland é um marco na economia.
- A população brasileira é muito jovem para imaginar como seria dura a nossa vida sem o código de barras. Foi uma revolução - avalia.
Desde a criação, pondera Oliveira, o código de barras mudou e continua evoluindo. Agora, o Brasil começa a testar uma nova tecnologia, chamada databar, que ocupa menos espaço nas embalagens e carrega mais informações, como data de validade. Para Oliveira, não são substitutos, mas sim transformações do sistema inventado em 1952.
No armazenamento
Consumo
Sem a invenção do código de barras, a praticidade que se espera do varejo seria inviável. Seriam necessários mais caixas no varejo e supermercados mais espaçosos, com corredores largos para a circulação de marcadores de preços. O custo com pessoal aumentaria e chegaria aos produtos.
Um dos primeiros setores a usar a facilidade dos códigos de barras foi o varejo. Em meados dos anos 1980, no Brasil, marcadores trabalhavam sem parar em supermercados e grandes lojas. Era época de hiperinflação: os valores chegavam a mudar três vezes ao dia. Em busca de agilidade e redução de custos, os supermercados lideraram a adoção do código.
- Além de reduzir filas e eliminar erros de digitação, os códigos de barras revolucionaram o controle de estoques e a impressão dos cupons fiscais - explica Moacir Pogorelsky, vice-presidente da Assespro-RS, que representa empresas de tecnologia do Estado.
Na fábrica
Saúde
Sem códigos de barras nas farmácias dos hospitais, seria complicado localizar medicamentos com precisão e agilidade. O sistema ajuda hospitais a controlar estoques, inclusive datas de validade, e rastrear que paciente recebeu qual medicamento.
Funciona assim: cada comprimido que chega ao hospital é embalado novamente e recebe um código exclusivo. Como o sistema tem link com a prescrição do doente, toda a vez que um medicamento sai do estoque o responsável é avisado caso o remédio esteja sendo endereçado ao paciente errado. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o sistema reduziu os erros de medicação de 6% para 0,03% desde 2005, segundo a chefe de serviço de farmácia da instituição, Simone Mahmud.
No supermercado
Contas
Sem códigos de barras, leitoras que se comunicam com os sites dos bancos, aplicativos que leem as linhas horizontais e caixas eletrônicos que identificam informações da fatura não existiriam. Transferência financeira de uma agência para outra levaria dias para ser confirmada. Nos primeiros dias do mês, as filas nas agências dariam voltas na quadra. Movido a tecnologia e obcecado por precisão, o setor financeiro deve ao código de barras muitas inovações. Além das facilidades eletrônicas, a invenção dos códigos dispensou a necessidade de legiões de empregados conferindo e digitando data, conta, agência, vencimento e valor de boletos e faturas. Com a tarja, uma leitora faz todo esse trabalho em fração de segundos.
- O sistema financeiro não teria atingido o atual padrão de agilidade e facilidade nos serviços sem os códigos de barras - afirma Joel Raymundo, diretor de tecnologia da informação do Banrisul.
Na loja
Segurança
Os minutos que você perde em algumas ações cotidianas poderiam se transformar em horas. A leitura do código de barras acelera a ação e anula as possibilidades de erros que poderiam ser causados por uma digitação manual.
Entrar e sair de prédios comerciais também poderia ser mais demorado. Ao passar na catraca seu crachá com código de barras, você evita ter de parar e se identificar ao porteiro.
De acordo com o professor do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Raul Weber, o código de barras é uma das maneiras mais rápidas e seguras de ler os mais diversos dados. O mecanismo também eleva a rapidez na entrada de shows e até nos cinemas.