O ex-braço direito do goleiro Bruno Fernandes, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, admitiu na madrugada desta quinta-feira que entregou a amante do jogador, Eliza Samudio, para um desconhecido com a promessa de que ela seria levada para conhecer um apartamento que Bruno daria a ela em Belo Horizonte, mas já "pressentindo" que ela seria executada.
Macarrão disse que seguia ordens do atleta, que o chamou de "bundão", e afirmou que teme por sua vida por ser um "arquivo vivo".
- Guardei isso tudo dois anos, quatro meses e 22 dias. Não aguentava mais porque não sou esse monstro que todo mundo colocou. Não sou o Luiz Henrique traficante, que acabou com a vida do Bruno. Se alguém acabou com a vida, foi ele que acabou com a minha. Sei que agora sou X9 (alcaguete), mas minhas filhas estão crescendo. Agora sou um arquivo vivo. Tenho medo de morrer - afirmou, durante depoimento que, no meio da madrugada, já ultrapassava três horas de duração no julgamento pelo assassinato de Eliza, desaparecida desde junho de 2010.
Macarrão narrou toda sua relação com o goleiro, mas evitou qualquer citação ao ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ter executado a vítima.
- Ele não vai acusar o Bola, porque teme pela vida de sua família - afirmou o advogado José Arteiro, assistente da acusação no processo.
As declarações foram feitas após a exibição de vídeos com reportagens sobre o caso, além das imagens com o relato de Sérgio Rosa Sales sobre os últimos dias de Eliza Samudio no sítio de Bruno em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte. Sales era primo de Bruno e era o único acusado do homicídio de Eliza que aguardava o julgamento em liberdade, mas foi assassinado em agosto.
O relato dele foi essencial para as investigações em torno do caso. Entre os vídeos exibidos estava também uma conversa de Bruno com policiais civis que fizeram a escolta do goleiro do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, após ele ser preso por determinação da Justiça. Bruno chega a dizer que, diante de tudo, "não confia" mais em Macarrão.
Antes de começar a ser interrogado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos e pelos advogados de defesa, Macarrão disse também que queria pedir perdão a Elenílson Vitor da Silva, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, e a outra ex-namorada de Bruno, Fernanda Gomes de Castro, também réus no processo que devem ser julgados a partir de 4 de março de 2013, data marcada também para o julgamento do goleiro e de Bola.
- Aconteceram várias coisas nesses dois anos e meio que complicaram a vida deles - afirmou, referindo-se ao período em que foi morar no Rio de Janeiro trabalhando para o jogador.