Pouco mais de um ano depois de ser flagrado com cem toneladas de lixo sobre a água, o Rio Passo Fundo volta a sofrer com a poluição no norte do Estado. Garrafas plásticas já se acumulam nas margens, enquanto pedaços de isopor e até pneus são levados pelo rio.
A falha na prevenção é investigada pelo Ministério Público, que firmou acordo com o município em 2011 para evitar que o descaso se repetisse. O termo previa que o município apresentasse o resultado do uso de barreiras para contenção do lixo instaladas, além de concluir a recuperação ambiental da área desmatada para a limpeza, esta que foi feita em dezembro do ano passado.
Segundo o promotor Paulo Cirne, o Ministério Público ainda não recebeu o laudo sobre a recuperação da área degradada, que deveria ter sido entregue em outubro. Outra preocupação é o novo acúmulo de lixo no rio.
- Teremos que investigar a origem deste lixo. É possível que as barreiras de contenção não estejam funcionando - afirma o promotor.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Clóvis Alves, garante que a recuperação ambiental da área foi feita com o plantio de 200 mudas e prometeu enviar o laudo ao Ministério Público. Quanto às três barreiras de contenção - a quarta se rompeu durante o uso e não foi substituída -, ele explica que o monitoramento é semanal, mas admite que o sistema não é tão eficiente quanto deveria:
- O lixo fica contido na maioria das vezes, mas pode ocorrer alguma chuva muito forte e algum resíduo ultrapassar a barreira.
A prefeitura também reconhece não ter conseguido remover outros pontos de acúmulo de lixo no rio e margens, conforme previsto no acordo. O motivo seria a falta de verba e de equipe para realizar o trabalho.
O secretário revela que R$ 800 mil previstos via Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para um projeto de monitoramento e limpeza do rio devem ser repassados em até quatro anos ao município. A primeira parcela, de R$ 90 mil, foi recebida em julho, mas ainda não foi aplicada.
A ideia é usar o recurso para comprar e alugar equipamentos para a limpeza manual das margens do rio. Alves reconhece, porém, que a limpeza pode não se iniciar em 2012. Também revela que o município não tem outra estratégia, além das barreiras, para conter a poluição no rio.
- Não estudamos outro tipo de contenção. A alternativa é não jogar lixo dentro do rio - afirma Alves.
Cronologia do descaso
- Em 26 de outubro de 2011, ZH mostrou a agonia do Rio Passo Fundo, coberto de lixo. Na época, era impossível ver a água em um trecho de aproximadamente cem metros.
- Um mês depois, um termo de cooperação firmado entre prefeitura, Ministério Público e órgãos de proteção ambiental autorizou a limpeza do rio.
- Em 9 de dezembro, a prefeitura iniciou a retirada dos resíduos da água. A operação foi concluída dois dias depois e removeu cem toneladas de lixo.
- Em março deste ano, um foco de lixo foi encontrado próximo ao local da limpeza. No local, havia garrafas, isopor, bolas de futebol e até sofás.
Descaso repetido
Lixo volta a se acumular às margens do Rio Passo Fundo
Área poluída é a mesma de onde foram retiradas cem toneladas de detritos no ano passado
Fernanda da Costa
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