Se você acha que deveria ler esta reportagem, mas já está pensando em deixar para depois, significa que faz parte do maior contingente populacional brasileiro: o dos procrastinadores.
Uma pesquisa realizada com 4.102 pessoas de 22 Estados descobriu que 97,4% admitem adiar atividades no seu dia a dia. O levantamento, da Triad Productivity Solutions, empresa especializada em produtividade, também apontou aquelas tarefas que os brasileiros mais empurraram com a barriga nos últimos meses: exercícios físicos (68%), leitura (64,5%), cuidados com a saúde (52,7%) e planejamento financeiro (46,8%).
Por que os brasileiros deixam essas coisas para depois, e não outras? Uma questão apresentada na pesquisa dá a mais óbvia das respostas. Segundo 86,5% dos entrevistados, as tarefas adiadas são aquelas consideradas chatas. Mas, essa não é toda a história. No levantamento, os brasileiros deixaram claro que postergam mais encargos pessoais do que profissionais.
- Na vida pessoal, em alguns casos, ninguém fica cobrando que você leia determinado livro. No tra­balho, você tem chefe, colegas e clientes que esperam resultado - interpreta Christian Barbosa, especialista em produtividade e principal executivo da Triad.
Deixar para depois pode ser perigoso
Para desconsolo geral, os adiamentos não são inofensivos. O cardiologista Fernando Lucchese observa que duas das atividades mais proteladas, o exercício físico e o cuidado com a saúde, podem ter consequências graves: a pessoa não se cuida e, quando vai ao médico, pode ser tarde demais.
- Escrevi 16 livros, e o que menos vendeu foi Desembarcando o Sedentarismo, sobre a importância da atividade física. Se tivéssemos que escolher uma só bala para proteger a saúde, seria o exercício - diz Lucchese.
Um outro dado que chama a atenção diz respeito aos motivos que levam os brasileiros a procrastinar. Os dedos acusadores são direcionados principalmente para a internet: 62,3% confessaram se perder em blogues e redes sociais. Alegaram falta de energia um contingente de 60,4%. A terceira opção mais votada, com 44,1%, foi a mais simples de todas: "Tenho preguiça".
Com tantos motivos para não ir em frente, você merece os parabéns se conseguiu chegar ao fim desta reportagem sem protelamento. Ela própria teve lá seus percalços. Estava prevista para sair há duas semanas. Mas foi adiada.