Ela era uma garotinha que começou a cantar na igreja do pai, desbundou ouvindo Alanis Morissette e hoje lota estádios no mundo todo. A trajetória de Katy Perry virou filme, registrando o nascimento de uma estrela da música pop.
A cantora americana veio ao Brasil para divulgar o documentário Katy Perry: Part of Me, que entra em cartaz nesta sexta (2/8), em cópias 3D.
A simpática popstar deu uma coletiva de imprensa segunda-feira em um hotel carioca localizado de frente para a praia de Ipanema. Katy Perry retornou ao país para lançar o documentário que intercala entrevistas com colaboradores, amigos e parentes com gravações caseiras de antes da fama e clipes da coloridíssima turnê mundial que veio ao Brasil em 2011. Tomando como base o giro internacional da artista que durou praticamente um ano, Katy Perry: Part of Me traça a trajetória da vocalista desde a infância, quando cantava músicas gospel influenciada pelo ambiente familiar - o pai é pastor evangélico -, até o sucesso global.
O clímax do documentário está mais para o final - especificamente, no show de São Paulo, em setembro passado, o maior da California Dreams Tour. Abalada com o fim de seu casamento com o comediante inglês Russell Brand, Katy aparece chorando no camarim, prestes a subir no palco - mas ainda sem estar maquiada ou vestida. Enquanto a multidão gritava seu nome, a intérprete seguia prostrada, preocupando seus assistentes. Até o último minuto, pairava a dúvida se Katy entraria em cena ou não. A cantora enfim surge no palco, para delírio das 26 mil pessoas que foram à Chácara do Jockey ouvir a estrela cantar seus hits Teenage Dream, Hot n Cold, I Kissed a Girl, Last Friday Night (T.G.I.F.), California Gurls, Firework e Think of You.
- Katy, eu te amo! - cantava em coro o povo, levando a cantora às lágrimas.
- Droga, como eu queria saber falar português! - reclama emocionada a americana no filme.
O divórcio de Katy e Brand contribui dramaticamente, evitando o tom chapa-branca de cinebiografia oficial. Mas Katy Perry: Part of Me não é apenas um clipão feito para os fãs: mesmo quem não conhece ou não curte muito a música da artista pode se interessar pela adorável figura da jovem que batalhou para mostrar seu trabalho, confrontando seus valores familiares e a rejeição das gravadoras - até se tornar a primeira mulher da história a emplacar cinco músicas de um mesmo disco no número 1 das paradas dos Estados Unidos.
Um dos destaques do documentário é o farto material de filmes domésticos, que mostram Katy criança, adolescente e aos 18 anos - em um depoimento gravado antes de virar ícone pop, no qual ela confessa seus sonhos e temores. Já para os katycats - como são chamados os tietes da vocalista de 27 anos -, o auge são os números filmados ao vivo, cujas cenas em 3D aproximam o público da diva e do seu palco repleto de dançarinos, bonecos e cenários, que brincam com referências ao mundo infantil.
- Digo que vivo em um conto de fadas porque eu faço meu final feliz. Não preciso do príncipe encantado para ter meu final feliz - justificou Katy para os jornalistas.
Em coletiva no Rio, Katy lembrou momento difícil no Brasil
Tietagem, gritaria, impaciência.
Dezenas de adolescentes estavam desde domingo à noite de vigília esperando por uma aparição de Katy Perry na frente do hotel de luxo onde a popstar hospedou-se no Rio.
A cantora americana - que, segundo a produção do evento, só trabalha quatro horas por dia - chegou 50 minutos atrasada para a conversa com os jornalistas na segunda-feira à tarde sobre o filme Katy Perry: Part of Me.
De cabelo preto e vestido retrô comportado fechado até a gola ("Valentino, mas é alugado", como fez questão de esclarecer), Katy pediu desculpas por não ter sido pontual, culpando os fãs pelo barulho - que não a deixou dormir direito e a acordou às 5h30min desta segunda:
- Mas eu amo isso, eles me mantêm wide awake (brincadeira com sua música Wide Awake, que significa "bem acordada"). Os brasileiros são muito apaixonados, não sei o que tem na água daqui. Eles são os mais dedicados, nunca tive outros iguais. A minha timeline no Twitter está sempre repleta de respostas em português. No filme, vocês podem ver que os brasileiros me apoiaram em um momento em que estava precisando. Sempre voltarei ao Brasil.
É a segunda vez que a cantora vem ao Brasil, onde esteve pela primeira vez em 2011, para participar do Rock In Rio e se apresentar em São Paulo. Katy revelou que fez questão de mostrar no longa sua reação ao fim do relacionamento com o ator inglês Russell Brand:
- Foi minha ideia, porque, se vocês tivessem visto (o filme) sem o divórcio, iriam se perguntar: "O que ela está escondendo?", e eu não me escondo. Não é legal me ver triste e chorando nas cenas, mas gosto de apontar o elefante na sala. O filme é sobre superar obstáculos, e isso aparece. Era importante manter, porque isso é o que eu sou. Você vê eu subindo no elevador umas três vezes. Isso é simbólico para mim: Eu tinha que subir. O filme é sobre isso.
Brincalhona, comentou o visual comportado adotado na coletiva:
- Acho que estou voltando às minhas raízes. Repare no meu cabelo. Ele é muito simbólico para mim na minha vida. Em termos de moda, sofro de uma desordem de múltipla personalidade.
Katy disse ainda que o material do filme foi editado a partir de mais de 300 horas de imagens - mas que o principal mesmo está lá na tela:
- Sempre quis fazer esse filme pessoal, mas não sabia que teriam tantas coisas pessoais que aconteceriam naquele ano. Decidi manter algumas coisas que eram mais difíceis para eu assistir, talvez para ajudar pessoas que estivessem na mesma situação. Lidei com tudo com a delicadeza possível. O filme é uma parte de mim, não a parte inteira. Não queria que fosse um filme em que os fãs dissessem apenas "Olha, ela gosta de cor-de-rosa e de gatos". Nem gosto mais de rosa...
* Roger Lerina viajou ao Rio a convite da Paramount
Em 3D
Katy Perry conta no cinema sua trajetória
Filme que estreia nesta sexta mostra a popstar da infância ao estrelato
Roger Lerina
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