A seca que assola o Estado há seis meses revelou as ruínas de uma antiga vila submersa há mais de 40 anos em Quinze de Novembro, no noroeste do Estado. Da próspera Passo do Lagoão restam apenas resquícios.
Hospital, frigorífico, fábrica, lojas e muitas casas desapareceram debaixo da água em 1971, quando foi construída a barragem do Passo Real, na época divisa dos municípios de Cruz Alta e Ibirubá.
A seca fez a barragem (maior lago artificial do Estado) baixar mais de 12 metros. A vila submersa causa curiosidade entre os moradores. O chafariz que ficava no pátio da casa de um médico, a cisterna, a caixa d'água e o alicerce do antigo hospital estão à vista, assim como o gerador que fornecia a energia elétrica aos moradores. Segundo a prefeitura de Quinze de Novembro, é o menor nível que a barragem já atingiu.
Várias escolas do município estão aproveitando a estiagem para levar os alunos até o local para estudos.
- Estamos vendo os aspectos geográficos, os rios que passavam por aqui antes, os afluentes e também o lado histórico, já que muitos dos alunos tem parentes que moravam em Passo do Lagoão - explica Lúcia de Fátima Horbach, diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Clara.
Ernani Bohn, 80 anos, era morador de Passo do Lagoão e lembra com nostalgia da agitada rotina na vila. Hoje, Bohn vive em Ibirubá e não gosta de visitar o local onde morava:
- Me dá muito tristeza ver todas aquelas ruínas e lembrar como era grande a vila. Era praticamente uma cidade.
Vereador de Ibirubá na época em que o local foi alagado, Lothário Tiemann, 75 anos, também visitou as ruínas.
- Mesmo hoje, quando baixa a água, o local continua sendo bonito.
Sem chuva nos próximos dias
Em Cruz Alta, no noroeste do Estado, a partir de hoje o abastecimento de água será complementado por três caminhões-pipa. O volume será colocado diariamente na estação de tratamento de água da Corsan.
Atualmente, o Rio Lajeado da Cruz, que abastece os município, está cerca de 1 metro abaixo do nível normal. Cruz Alta está em situação de emergência por causa da seca.
A falta de chuva no Estado se agravou nos últimos 15 dias, segundo levantamento feito pela meteorologista Estael Sias, da Central RBS, com base nos dados das estações oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no Estado.
- Na maioria das localidades choveu apenas um dia. Em Passo Fundo e Rio Grande, foram apenas 0,1 mm e 0,4 mm, respectivamente, volume que pode ser resultado de um nevoeiro - observa Estael.
Somente entre os dias 23 e 31 de maio a passagem de uma nova frente fria deve produzir acumulados superiores a 65 mm, no Noroeste, e a 50 mm, no Sul e em trechos do Vale do Paranhana e do Litoral Norte.
Visível novamente
Seca revela vila alagada há 40 anos no noroeste do Estado
Barragem em Quinze de Novembro está 12 metros abaixo do nível normal
Leila Endruweit
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