Conhecido como um dos principais traficantes do Estado, Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão, 53 anos, foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por associação para o tráfico pela 7ª Vara Criminal de Porto Alegre. Essa é a primeira vez que Paulão é sentenciado por esse tipo de crime.
Em três décadas de passagens pela polícia, Paulão foi preso diversas vezes por suspeita de tráfico e denúncias por ordenar assassinatos, mas nunca tinha sido punido pela Justiça por envolvimento com drogas.
A polícia jamais tinha conseguido flagrar Paulão com droga ou provar seu envolvimento no tráfico, apesar de haver muitos relatos extraoficiais de que ele comanda uma quadrilha de traficantes da Vila Maria da Conceição. Uma das dificuldades sempre foi convencer pessoas a testemunhar contra Paulão pela sua fama de mandar executar desafetos. Em depoimentos, Paulão sempre negou ter ligações com o tráfico.
Preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, Paulão, antes da sentença, já cumpria pena de 22 anos de prisão pela morte de um suposto inimigo na região onde Paulão estabeleceu sua base para o tráfico e comanda, até hoje, um exército de seguidores. Em 22 de março, Paulão voltará ao banco dos réus da 2ª Vara do Júri da Capital para ser julgado por um outro homicídio que teria sido o mandante.
A primeira condenação de Paulão por tráfico é resultado de um ano de investigações da Promotoria Especializada Criminal da Capital. Comandada por promotor Ricardo Herbstrith, reuniu uma equipe de policiais que monitorou contatos telefônicos de Paulão e registraram imagens de venda de drogas com um saldo inicial de 31 prisões e a apreensão de 71 quilos de drogas.
Quem é ele
Paulão responde a processos por tráfico desde 1982 e foi detido algumas vezes com drogas. Em 1988 foi condenado por homicídio de um rival - pena que já cumpriu.
Fugiu de colônia penal agrícola, em 1995. No mesmo ano foi acusado de tentativa de roubo contra o dono de uma residência, na Vila Maria da Conceição. Entre 1995 e 1997, foi preso três vezes por porte ilegal de pistolas.
Em 1998, tentou matar Carlos Alberto Silveira Drey, o Beto Louco, seu enteado, com o qual disputava pontos de drogas. Em 2003, foi acusado de ameaçar cortar o rosto de uma médica de um posto de saúde da vila que se recusou a receitar um remédio de uso controlado para a sua mulher.
O que pesa contra Paulão
- Foi denunciado por tráfico de drogas em processo que tramita na 7ª Vara Criminal de Porto Alegre, que autorizou escutas telefônicas e determinou a prisão preventiva de Paulão e seu grupo.
- Paulão já respondia a processos como mandante de três homicídios: a morte de José Antônio Rodrigues Braga, o Corujinha, 40 anos, em junho de 1998, na Capital; a de Gilberto da Silva Guedes, há cerca de três anos, em Venâncio Aires; e a de Adão Jorge da Rosa Pacheco, o Adão Zoiudo, executado dentro do Presídio Central de Porto Alegre, em setembro de 2007
- Em dezembro de 2007, Paulão seria julgado pela morte de Corujinha. O júri foi adiado porque o advogado dele adoeceu, mas Paulão acabou acabou preso preventivamente no Fórum Central pelo envolvimento na morte de Zoiudo
- Em julho, o TJ determinou que Paulão cumprisse a prisão em regime domiciliar, pois ele teria problemas cardíacos