Quando o relógio marcar 16h no próximo domingo, Ronaldinho começará a enfrentar o Grêmio pela primeira vez no Olímpico, desde sua tumultuada saída em 2001. Se o reencontro na casa tricolor surge como novidade, as prováveis vaias que deve receber da torcida já são conhecidas pelo meia do Flamengo. Sua despedida como jogador do Grêmio no Olímpico, contra o Figueirense, pela Copa Sul-Minas, foi marcada por apupos das arquibancadas do início ao fim do jogo. Nem um golaço de falta aplacou a ira da torcida. De terça a sexta, clicEsportes apresenta momentos marcantes dessa rixa a ser revisitada no fim de semana.
A raiva dos fãs naquele 25 de janeiro se concentrava na assinatura de um pré-contrato que levaria Ronaldinho, então com 20 anos e maior promessa do clube, ao Paris Saint-Germain (PSG) já em fevereiro e sem lucros, assim que seu vínculo findasse no Grêmio. Além dos gritos e vaias, alegando "traição" do meia, uma mala de dinheiro foi deixada à beira do gramado. Até moedas de um centavo eram jogadas. O clima beligerante, no entanto, não era unanimidade. Concentrava-se nas sociais, para onde Ronaldinho correu, furioso, ao empatar a partida. A obra-prima foi comemorada com raiva, dedicada ao"pessoal da vila", como ele - no caso, os torcedores das gerais, onde o ingresso era mais barato e que o apoiaram.
"Não enganei ninguém. Não teve nada disso de assinar pré-contrato e esconder das pessoas. Avisei a direção assim que assinei. Se o Grêmio tivesse me procurado com esta proposta que foi dita, claro que seria diferente. Queria ficar, claro, mas sou profissional e tenho que tocar a minha vida, não dá para ficar esperando", Ronaldinho, no dia seguinte a Grêmio 2x1 Figueirense
Exemplo oposto ao de Ronaldinho, Danrlei dedicou uma década defendendo a camisa 1 tricolor. E assistiu àquela cena insólita e contraditória postado sob as traves. Usa o exemplo para aconselhar os gremistas que rumarem ao Olímpico no próximo domingo dispostos a assombrar Ronaldinho. Para o ex-goleiro e hoje deputado federal, a melhor postura das arquibancadas pode ser a indiferença. Argumenta que o flamenguista pode se motivar com as vaias e usar as críticas a seu favor. Assim como o próprio Danrlei o fazia em Gre-Nais. Era xingado pelos colorados e, quase sempre, fechava o gol no clássico.
- A indiferença dói mais. Deixa o cara lá - cutuca Danrlei, que promete conferir o jogo no estádio. - O torcedor tem que dobrar o seu grito para ajudar o Grêmio.
De Campo Bom, onde cumpria agenda antes de voltar para Brasília, Danrlei confessa não guardar lembranças vivas daquele Grêmio x Figueirense. Garante que a novela Ronaldinho instaurada naquele início de ano pouco repercutia entre os jogadores. Com um grupo experiente, de nomes como Mauro Galvão e Zinho, a preocupação maior era saber quando a questão se resolveria. Afinal, queriam saber com quem contariam para o restante da temporada.
- Nós queríamos uma definição. Todo o atleta quer ter um grupo forte. No final, ficou bom. Veio o Marcelinho Paraíba, que fez chover na Copa do Brasil, no nosso último título importante até agora - recorda Danrlei. - Entre um Ronaldinho não querendo ficar e um Marcelinho com vontade, melhor o segundo. O futebol é assim. Sai um, vem outro.
Página de ZH do dia 26 de janeiro mostra a mala e as vaias
Ronaldinho não deixava chegar nenhum informação aos colegas. Mesmo quando questionado diretamente sobre seu futuro pelos jogadores, o garoto manteve sigilo.
- Eu nem me meto. O Assis (irmão e empresário) está cuidando de tudo - dizia na época, evasivo, na intimidade do vestiário.
Rodrigo Mendes confirma as impressões de Danrlei. O meia-atacante de 36 anos, hoje no Novo Hamburgo, estava entre os titulares naquele 25 de janeiro e afirma que a questão entre torcida e ídolo ficava restrita aos dois. Não influenciava o grupo. A única preocupação era a de perder uma referência técnica e de gols decisivos na bola parada.
- Ele aproveitou a janela e saiu. A gente sabia que ele sairia do Grêmio a qualquer momento. E o destino era a Europa, sem dúvida.
Agora, o destino de Ronaldinho o coloca novamente no caminho do Grêmio. Uma história permeada de expectativas e rancor está prestes a ser desencavada.
> Relembre a origem da polêmica
Dia 16 de fevereiro de 1998, Ronaldinho assinou contrato por três anos com o Grêmio. Depois de receber salários de R$ 20 mil mensais no primeiro ano, o jogador obteve dois reajustes, passando inicialmente para R$ 30 mil e, por fim, para R$ 45 mil. Em 2 de maio e em 2 de junho de 2000, o clube procurou o jogador oferecendo reajuste de 100%, o que passaria seu salário para R$ 90 mil. Mas Ronaldinho não aceitou. O Grêmio alegava que, como o contrato havia sido firmado conforme a lei antiga, Ronaldinho não poderia sair de graça ao final do contrato, mesmo com a implantação da Lei Pelé, que extinguia o passe.
GRÊMIO (2)
Danrlei; Anderson Lima, Marinho, Alex Xavier (Tinga) e Sandro Neves (Itaqui); Polga, Vágner (Gavião), Ronaldinho e Zinho; Warley e Rodrigo Mendes. TÉCNICO: Tite.
FIGUEIRENSE (1)
Nivaldo; Edinho, Émerson, Vanderlei e Vanin; Júnior, Toto, Alexandre Silva e Paulo César ( Oliveira); Leandro (Enílson) e Aldrovani. TÉCNICO: Walmir Louruz.
Gols: Paulo César (F), aos 37 minutos, e Ronaldinho (G), aos 44 minutos do primeiro tempo. Marinho (G), aos 30 minutos do segundo.
Cartões amarelos: Vanin, Vanderlei, Paulo César (F), Ronaldinho, Alex Xavier, Rodrigo Mendes, Marinho, Danrlei (G). Expulsão: Vanderlei (F).
Arbitragem: Carlos Jack Magno (PR), auxiliado por José Chaves Franco Filho (RS) e Flávio Everson Paiva Teixeira (RS).
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre
Próximos jogos:
30/10 - 16h - Grêmio x Flamengo
05/11 - 19h - Atlético-MG x Grêmio
13/11 - 17h - Grêmio x Palmeiras
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