O ex-presidente da República e senador Itamar Franco (PPS-MG) morreu neste sábado, às 10h15min, aos 81 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Ele estava internado para tratamento de leucemia desde o dia 21 de maio. Segundo o hospital, o tratamento quimioterápico contra a leucemia surtiu efeito, mas, posteriormente, o senador contraiu uma pneumonia, que se agravou.
Itamar Franco foi também governador de Minas Gerais e prefeito de Juiz de Fora (MG). Senador licenciado desde maio, o ex-presidente havia completado 81 anos no dia 28 de junho.
A chegada de Itamar à Presidência, maior cargo que ocupou, foi mais um golpe do destino do que fruto de algum arranjo político. Após se transferir para o PRN em 1989 com o propósito de ser vice de Fernando Collor, parecia pequena a probabilidade de que assumisse. Questões políticas (no caso, um esquema de corrupção), porém, retirariam Collor da cena política e lançariam Itamar ao poder, após um impeachment e a renúncia do titular.
Ao assumir o cargo, teve de enfrentar crises política e econômicas. Em 1992, a inflação chegou a 1.100%. No governo, montou um ministério sem figurões. Usou a astúcia para contornar tensões políticas que o rondavam. A singeleza nas palavras não o impediu de algumas excentricidades. Uma foi o pedido pessoal feito à Volkswagen para que voltasse a fabricar o Fusca, por exemplo.
Mas o que conduziu Itamar à história foi mesmo o Plano Real, lançado em 1º de julho de 1994. Em um país que amargava o descrédito após sucessivos planos de combate à inflação, apostou em um projeto resistente à tentação de expurgar a alta de preços do dia para a noite _ o que ajuda a explicar seu sucesso.
Como governador de Minas, ao assumir em 1999 aos 68 anos, ainda assombraria o país, declarando moratória de seu Estado. Queria que auditassem a dívida pública.
Embora fosse mineiro por temperamento, a certidão de nascimento o dizia baiano, de Salvador. Na verdade, Itamar nasceu a bordo de um navio de cabotagem em algum lugar no Atlântico, entre o Rio e a capital baiana. Era órfão de pai. Da Bahia, voltaria para a terra de origem dos pais, e o mineiro que nascera no mar viveria agora em Juiz de Fora.
Se havia uma coisa que tirava o ex-presidente Itamar Franco do sério era a contestação da paternidade de sua maior obra, o Plano Real. Se o bem-sucedido esquema econômico foi a mola propulsora do candidato Fernando Henrique Cardoso na eleição de 1994, que contou com o apoio do próprio Itamar, foi também razão para deixá-lo enternamente às turras com o sucessor.
Na vida pessoal, foi um homem reservado. No Planalto, entrou para a história como um dos raros presidentes a não contar com uma primeira-dama, já que era divorciado. Ainda como interino, acabou um romance de quatro anos com Lisle Lucena, filha do ex-senador Humberto Lucena, 27 anos mais jovem. Entre os muitos affairs, talvez o mais notório tenha sido aquele com a modelo Lilian Ramos. No Carnaval de 1994, ela foi fotografada em um camarote ao lado do presidente, sem calcinha.
Morre o ex-presidente Itamar Franco
Internado em SP com leucemia desde maio, político teve pneumonia
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