Um bate papo entre primos se transformou em uma campanha de doação de máscaras para profissionais da saúde no combate ao coronavírus. Gustavo Lisboa Martins, cirurgião dentista, queria doar máscaras para o Complexo Hospitalar Santa Casa, um dos hospitais em que ele atende. Juliano José Martins, um dos proprietários de uma fábrica de sapatos injetados no Vale dos Sinos, queria usar a empresa para produzir o material e ajudar os hospitais a proteger os colaboradores. O desejo dos dois combinou, e nasceu a campanha Heróis protegem heróis.
A primeira doação foi do próprio Gustavo e do também cirurgião dentista Carlos Baraldi, que encomendaram 300 máscaras. Martins, porém, resolveu espalhar a ideia em grupos de amigos nas redes sociais para ver se conseguia apoio. Funcionou. E logo a campanha ganhou a adesão de outros amigos empresários.
— O que tenho acompanhado nas últimas semanas é que a máscara comum descartável é, em grande parte, importada da China, e os preços estão nas alturas. Além do fato de não serem reutilizáveis. Elas têm de ser descartadas em até duas horas, o que gera grande quantidade de lixo. Com a máscara de acrílico, a barreira é 100% impermeável, e ela pode ser higienizada e reutilizada até quebrar. Tenho observado que mesmo em outros países faltam esses equipamentos. É um grupo grande de profissionais que precisa: higienização, portaria, recepção, não só a área médica. Foi com essa percepção que resolvi pedir apoio de amigos para conseguir ajudar mais — explica o especialista.
Nesse pedido, houve também quem contribuísse com trabalho para divulgar a campanha e, assim, tornar possível arrecadar mais doações. Foi o que fez Tiago Russell, publicitário que ajudou na criação do site e na divulgação da campanha.
— A campanha tomou uma proporção muito legal. Algumas pessoas da mídia se identificaram e passaram a ajudar e divulgar. Já arrecadamos o equivalente a 2,8 mil máscaras. Mas, pela situação dos hospitais, precisamos nos unir para doar muito mais — diz Russell.
Na manhã desta quarta-feira (6), o grupo entregou as primeiras 300 máscaras para o Complexo Hospitalar da Santa Casa. Segundo o diretor médico e de ensino e pesquisa da Santa Casa, Antonio Nocchi Kalil, a doação foi muito bem recebida, principalmente porque a ação foi conduzida por dois médicos que trabalham no local.
Kalil ressalta que não há falta deste material para quem trabalha na linha de frente, mas que há muitos outros profissionais em atividades de apoio, cujo uso de equipamentos do tipo "escudo" gera maior conforto emocional e mais segurança para trabalhar.
A intenção dos idealizadores é manter a campanha por 15 dias. O objetivo é doar 30 mil máscaras — não só para a Santa Casa, mas também para outros hospitais de Porto Alegre. Para isso, são necessárias 20 mil doações pois, a cada duas máscaras compradas, a empresa que fabrica o equipamento, em parceria com outros colaboradores, doa mais uma.
No site heroisprotegemherois.com.br, é possível colaborar comprando a partir de um equipamento (no valor de R$20) para ser doado aos hospitais. Claro, a venda é simbólica: vale ressaltar que quem faz compra não recebe o produto.