O casal de professores Eduardo Fortes Santos, 49 anos, e Miriam Fortes Santos, 42, resolveu botar a mão na massa para ajudar os moradores de Alvorada, na Região Metropolitana, a ficarem protegidos do coronavírus. Ele brasileiro, ela alemã, mantém um instituição de ensino no bairro Bela Vista desde 2013.
GaúchaZH já mostrou a solidariedade do casal em relação ao ensino, quando a escola administrada por eles forneceu bolsas de estudo para alunos sem condições de pagar para aprender uma nova língua. Com a pandemia, eles seguem com as aulas por meio da internet. Mas, preocupados com a realidade do município onde vivem, deram um jeito de expandir suas ações para além da sala de aula.
Eles utilizaram verbas próprias e conseguiram doações para compra de tecidos e outros materiais necessários para a produção de máscaras de proteção individual caseiras. Como a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem ressaltado, o uso do equipamento “é uma das medidas de prevenção que pode limitar a propagação de certas doenças virais respiratórias, incluindo a covid-19”. Com os contatos que possuem depois de vários anos de atuação em Alvorada, o casal de professores conseguiu formar uma rede de costureiras voluntárias.
Resultado
E essa união mostra resultados. Em menos de uma semana de trabalho, mil unidades já foram produzidas. O número ainda deve dobrar, já que Eduardo e Miriam conseguiram mais material para esta semana.
– O que nos toca é que Alvorada é uma cidade sempre destacada por pontos negativos, como índices de pobreza elevados. Sabemos que muitos pessoas aqui não estão com dinheiro nem para comprar comida direito, muito menos para uma máscara. Por isso, achamos importante criar essa rede, levar esse auxílio para quem precisa – explica Eduardo.
Ensino presente
O lado professoral não fica de fora. Como as máscaras devem estar aliadas a outros cuidados, a ideia do casal é orientar as pessoas que receberem o equipamento sobre a maneira correta de uso, de acordo com o indicado por profissionais da saúde. Além dos cuidados na hora de colocar e retirar, a higienização da máscara e das mãos estão entre os passos.
– Queremos deixar bem claro que a máscara sozinha não protege. Ela não pode criar uma sensação de proteção que não é verdadeira. Todos os demais passos de segurança têm de ser seguidos para que o uso faça sentido e, claro, traga segurança – projeta Miriam.
Estas primeira mil unidades produzidas já têm destino. Conforme Eduardo, ele e a esposa fazem parte de um grupo nas redes sociais que inclui professores de instituições federais, estaduais e municipais. Eles listaram famílias de alunos que necessitam de auxílio não só com máscaras, mas também alimentos. Segundo o professor, serão cerca de 150 famílias contempladas agora. Para as próximas etapas, o contato será com os Centros de Referência em Assistência Social (Cras) de Alvorada.
Os órgãos têm famílias cadastradas e sabem quem mais precisa de auxílio neste momento. Para seguir com os trabalhos, Eduardo e Miriam contam com a ajuda de interessados. Os tecidos usados na produção devem ser 100% algodão, de preferência o chamado tricoline. Além disso, pessoas interessadas em costurar também são muito bem-vindas.
– Quanto mais tecido conseguimos, mais voluntários vamos precisar e vice-versa. É um ciclo de solidariedade – diz o professor.
Auxílio da comunidade
No time dos voluntários, a costureira Letícia Alves Taborda, 36 anos, conheceu a ação por um amigo em comum com o casal de professores. Segundo ela, foi “amor a primeira vista”. A ideia de poder aplicar seu conhecimento em algo que auxilie no combate à pandemia encantou a costureira.
– Veio ao encontro do meu desejo de querer ajudar as pessoas neste momento. Fiquei encantada com a manifestação de solidariedade do Eduardo e da Miriam e logo topei participar – recorda ela, que está recbendo os produtos em seu ateliê.
Na rede, porém, não há apenas costureiros profissionais. Tem gente que, mesmo sem exercer o ofício, resolveu pegar agulha, linha, tesoura e botar a mão na massa. Caso da professora Lucimara Torres, 43 anos. Em casa durante este período de isolamento social, ela procurava algo que pudesse fazer para auxiliar quem mais precisa. No projeto de confecção das máscaras, encontrou.
– Penso em que mais precisa, algumas pessoas que ainda precisam sair todo dia para trabalhar e não têm condições de comprar uma máscara. Este é o jeito que encontramos de ajudar e está sendo gratificante – comemora a professora.
Como ajudar
- O projeto precisa de doações de tecido 100% algodão, preferencialmente tricoline.
- Elásticos, linhas e outros materiais, além de doações em dinheiro, também são recebidos.
- Pessoas interessadas em fazer parte do projeto podem procurar os professores.
- Quem precisa de auxílio também pode fazer contato.
- Para falar com Eduardo e Miriam, o contato é pelo WhatsApp, no (51) 98926-2580.