Por enquanto, o bate-papo ainda é em português. Mas, logo, os novos alunos da escola de línguas Change, do bairro Bela Vista, em Alvorada, estarão conversando em outro idioma: o inglês. Desde sábado (10), 30 estudantes começaram a fazer parte do corpo de alunos da instituição — alguns ainda estão sendo encaixados nas turmas. Todos são bolsistas selecionados pelo casal de professores Eduardo Fortes Santos, 49 anos, e Miriam Fortes Santos, 42 anos, que mantém a instituição desde 2013.
Os alunos selecionados procuraram a escola depois de uma reportagem publicada no dia 1º de agosto. Eduardo e Miriam revelaram que a instituição forneceria 30 bolsas de estudos para jovens com idade entre 15 e 20 anos, estudantes de escolas públicas e moradores de Alvorada. O casal surpreendeu-se com a repercussão da iniciativa. Mais de 70 candidatos foram pessoalmente participar do processo seletivo, que ocorreu no dia 2 de agosto. Pelas redes sociais, mais de 200 pessoas procuraram a escola para pedir informações.
Para os dois professores, envolvidos com o ensino de outras línguas desde os anos 1990, o essencial para a seleção era a condição e vontade do aluno em aprender.
— Conhecemos dezenas de histórias incríveis. Pessoas que vão se deslocar de outras partes da cidade de ônibus, dormir na casa de amigos, trabalhar de dia e estudar aqui à noite. Enfim, são muitas histórias de superação. E esperamos que o idioma ajude o mudar o futuro destes que foram selecionados para o projeto — torce Eduardo.
São muitas histórias de superação. E esperamos que o idioma ajude o mudar o futuro destes que foram selecionados para o projeto.
EDUARDO SANTOS
Professor da iniciativa
Intercâmbio
Como mostrado no início do mês, a escola de idiomas tem ex-bolsistas que, com o aprendizado de uma segunda língua, conseguiram estudar no Exterior, participando de intercâmbios na Itália e na Alemanha. Além disso, junto com os novos bolsistas, quatro estudantes de países europeus irão passar um ano em Alvorada, aprendendo português na escola criada por Eduardo e Miriam, além de trabalharem como voluntários em organizações sociais do município da Região Metropolitana e também em Porto Alegre.
— Vai ser um período de muito aprendizado para os brasileiros e estes alunos que vieram fazer intercâmbio aqui — conta Miriam.
Os alunos selecionados para a bolsa de estudos na Change não têm tempo limitado de estudo. A ideia é que eles dominem o inglês, mas depois podem aprender os outros idiomas disponíveis no currículo da instituição.
— A gente brinca que a bolsa é para a vida toda, só depende da vontade do aluno — conta Eduardo.
Realizados com a nova oportunidade
Na tarde desta segunda-feira (12), o DG conversou com alguns dos bolsistas que foram selecionados para o projeto. Era o primeiro encontro deles, numa conversa onde Miriam e Eduardo explicaram um pouco o método de ensino da escola de Alvorada.
Para Maísa Machado, 17 anos, estudante do curso técnico de Audiovisual do campus Alvorada do Instituto Federal (IFRS), a bolsa na Change vai ser uma chance de ampliar ainda mais suas chances no mercado de trabalho. Muito animada com a oportunidade, ela conta que deseja estudar até conseguir fazer um intercâmbio.
— Uma professora do IFRS compartilhou a reportagem comigo e alguns colegas. Viemos juntos tentar a bolsa — recorda ela, que mora no bairro Salomé.
No caso de Emilly Matias, 16 anos, foi sua mãe quem viu a reportagem no Diário e lhe avisou da oportunidade. Emilly leu o texto e decidiu ir à escola no dia da inscrição. A moradora do bairro Umbu também foi uma das selecionadas:
— Gostei muito do ambiente. Não teria condições de pagar um curso completo de inglês. Por isso, estou muito feliz com a oportunidade.