É no canto improvisado de um consultório, no posto de saúde, que um grupo de médicos, psicólogos, enfermeiros e outros profissionais faz um programa de rádio. Na verdade, é um programa de WhatsApp, mas o princípio é o mesmo: eles transformam seus celulares em microfones, usam biombos para isolar o som e, no intervalo do trabalho, se dirigem à comunidade da Zona Norte.
Em torno de 3 mil pessoas do bairro Costa e Silva e arredores têm recebido, uma vez por semana, um áudio de 10 minutos com trilha sonora, informações sobre a pandemia, orientações para a quarentena, sessões de meditação e até poesia. Batizado de Fica em Casa, o programa é todo produzido pela equipe da Unidade de Saúde Costa e Silva.
– É uma forma de a gente se aproximar das pessoas no isolamento. Temos visto um reflexo, acho que estamos conseguindo fazê-las ficar em casa – acredita Mayara Floss, 29 anos, médica residente em Medicina de Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição.
É ela quem faz a edição do programa, em casa mesmo. Os assuntos são definidos com a ajuda dos agentes comunitários, encarregados de recolher as dúvidas e angústias mais frequentes na região. Aliás, os próprios ouvintes mandam perguntas no WhatsApp – não à toa, um dos programas foi dedicado a desmontar fake news. Também já se falou sobre vacinação, violência doméstica, o auxílio emergencial e, principalmente, prevenção.
– Nossa comunidade tem mais de mil idosos, eles precisam de informações sérias. E saber que as pessoas nos ouvem é tão gratificante – conclui Mayara, que idealizou o projeto com o também médico residente Carlos Augusto Ilgenfritz, 29 anos, e com a psicóloga Flora Prati, 27.
Com Rossana Ruschel