O Dia Mundial do Livro é comemorado nesta quinta-feira (23) com um clima diferente, mas não com menos entusiasmo. Desde que começou o distanciamento social, os livros apresentam-se como companhias agradáveis para descontrair, viajar e refletir em meio ao cenário de incertezas. Para não deixar passar a data em branco, GaúchaZH convidou escritores gaúchos para indicarem títulos com narrativas prazerosas. São romances, poesias e uma coleção de histórias para ajudar a desopilar. Confira:
Cíntia Moscovich
Macha, de Claudia Tajes
“Uma linda sugestão de leitura para este dia é Macha, da Claudia Tajes, publicado no fim do ano passado pela L&PM Editores. A história gira em torno de Celina, mãe de um adolescente chamado Chico e funcionária de um banco, que lá um belo dia acorda transformada em homem – sem que ela tenha a menor ideia do que se passa com ela.
O pesadelo na vida de Celina rende grande literatura, como tudo o que vem da Claudia Tajes, claro, e, como tudo o que vem da Tajes, grandes, imensas gargalhadas. Dos mais divertidos, e essenciais, livros que o leitor pode ler na vida.”
Samir Machado de Machado
O Palácio da Memória, de Nate DiMeo
“O Palácio da Memória, de Nate DiMeo, lançado pela Todavia, é uma seleção de histórias e “causos” reais narrados originalmente num podcast, sobre pessoas comuns em situações incomuns, que vão desde a invenção do telégrafo, passando pela causa da extinção de certo tipo de pombo americano, ou do poder agregador que um bar pode ter na vida de uma comunidade. O livro celebra não só a arte de contar bem uma boa história, mas os sentimentos que nos fazem sentir-nos humanos.”
Altair Martins
Eu Sou Macuxi e o Outras Histórias, de Julie Dorrico
“Eu Sou Macuxi e o Outras Histórias, de Julie Dorrico. Trata-se de um mergulho atávico em busca das origens indígenas da autora, com passagens pelo veneno do garimpo (a linda história do pai derrotado pelo ouro), as explicações da avó, a matriarca ancestral, filha de Makunaíma, entre outras passagens em verso ou em prosa.
As ilustrações belíssimas são de Gustavo Caboco. Eis um livro absolutamente vivo, telúrico, que nos faz (a nós, brancos) repensar a desimportância de trabalhar e trabalhar para comprar um carro ou telefone mais novos do que os do vizinho.”
Luiz Antonio de Assis Brasil
A Relíquia, de Eça de Queiroz.
“Para lavar os olhos de tanta literatura pesada, sugiro A Relíquia. Uma obra-prima de humor de Eça de Queiroz.
Teodorico Raposo, o Raposão, é sobrinho de uma senhora muito carola, com capela em casa. Ele, porque tinha interesses na herança da tia, fazia-se de santo, a ponto de realizar uma viagem à Terra Santa para trazer de lá uma relíquia do tempo de Cristo – uma empreitada com todos os ingredientes de riso infinito e coroada com um final arrasador, a demonstrar que não é tão fácil enganar velhinhas religiosas.”
Fabrício Carpinejar
Mil Sóis, de Primo Levi
“A única vacina para angústia é a poesia, que cria anticorpos emocionais. Recomendo os versos de Mil Sóis, do italiano Primo Levi, reconhecido pelo seu testemunho de sobrevivente dos campos de concentração nazistas com É Isto um Homem?. Mensagem pura, direta, sobre os limites humanos, sobre a morte, sobre essa última etapa de nossos esforços.
Ele faz uma advertência contra a soberba do sofrimento: quem acha que sofre mais do que o outro acaba sendo injusto igual. Para Adolf Eichmann, um dos ideólogos do Holocausto, dirige uma das cartas mais comoventes, onde não deseja que morra, mas que viva tanto quanto ninguém nunca viveu, para que seja torturado pelos fantasmas da consciência.”
Tobias Carvalho
Bando de Desgraçado, de Rafael Escobar
“Minha dica é entretenimento de primeira. Bando de Desgraçado, romance de estreia do gaúcho Rafael Escobar, é escandalosamente engraçado e inteligente.
Somos apresentados a uma quantidade de personagens ansiosos que não encontram seu lugar no espaço urbano de Porto Alegre. Mas não se engane: o humor ácido desse livro é de rir em voz alta. Vale a pena passar no site da Livraria Taverna e pedir um delivery.”
Martha Medeiros
Cidade das Garotas, de Elizabeth Gilbert
“Indico Cidade das Garotas, de Elizabeth Gilbert (editora Alfaguara). É a história de uma garota do interior dos EUA que é expulsa da faculdade e é mandada pelos pais para Nova York a fim de morar com uma tia que é dona de um teatro.
Isso nos anos 40! O texto é uma delícia. Acompanhamos toda a trajetória da personagem, até chegar em 2010. Leitura leve e prazerosa para esses dias monotemáticos que estamos vivendo.”
Jeferson Tenório
Os Detetives Selvagens, de Roberto Bolaño
“Os Detetives Selvagens, de Roberto Bolaño. Através do humor inteligente e de técnicas narrativas singulares, Bolaño apresenta um romance policial envolvendo dois poetas que decidem investigar o desaparecimento de um outro poeta mexicano famoso, além de fazer profundas reflexões sobre a literatura e sobre sua própria geração dos anos 1970.”