O Brasil começará sua trajetória nos Jogos Paralímpicos de Paris a partir da próxima quarta-feira (28), quando oficialmente serão abertas as competições na capital francesa.
Com 280 atletas (255 esportistas com deficiência, 19 atletas-guia, três calheiros da bocha, dois goleiros do futebol de cegos e um timoneiro do remo), será a maior delegação brasileira em Paralimpíada em uma edição fora do Brasil, superando os 259 convocados dos Jogos do Japão.
A expectativa do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é realizar uma campanha em Paris igual ou superior à realizada em Tóquio.
— Estamos com boas perspectivas. É só esperar os Jogos começarem que toda essa expectativa é tanto de bater o número total de medalhas, como também de ouros conquistados — disse em entrevista à Rádio Gaúcha Yohansson Nascimento, ex-atleta paralímpico e atual vice-presidente do CPB.
Na história, o Brasil tem 109 ouros, 132 pratas e 132 bronzes (373 medalhas ao todo). As modalidades que mais trouxeram pódios para o Brasil são: atletismo (170 – 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes), natação (125 – 40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes) e judô (25 – cinco ouros, nove pratas e 11 bronzes).
Confira a entrevista com Yohansson Nascimento
Quais as expectativas do Comitê Paralímpico do Brasil sobre esses Jogos?
Isso é uma missão grandiosa, como você citou. Essa é a nossa maior delegação de todos os tempos. Eu falo maior porque no Rio de Janeiro, em 2016, o Brasil conquistou as vagas em todas as 22 modalidades nos Jogos. Mas fora do Brasil, essa é a nossa maior delegação. São 280 atletas que representarão o Brasil nas Paralímpicas de Paris.
E a gente está falando dessa grande delegação. Como é que vocês avaliam também essa grande participação?
É uma participação histórica nos últimos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Conquistamos 72 medalhas, 22 dessas foram de ouro. O Brasil esteve na sétima posição no quadro geral de medalhas. E, certamente, a evolução que o Brasil vem tendo nos últimos anos, nos últimos ciclos paralímpicos, mostra o resultado de todos os nossos projetos. Desde o Festival Paralímpico até os Meetings Paralímpicos que, este ano, estivemos em todas as capitais brasileiras. Então, é maravilhoso saber que o esporte paralímpico vem crescendo e se desenvolvendo ano após ano.
Qual a projeção que vocês fazem em relação às medalhas nos Jogos de Paris?
É um número bastante significativo, essas 72 medalhas. Sabemos que o mundo inteiro se prepara para a grandiosidade dos Jogos Paralímpicos, mas estamos com boas perspectivas. Isso mostra, desde os resultados das nossas modalidades individuais, como atletismo, natação, os últimos campeonatos mundiais de atletismo, um histórico de medalhas positivas. Estamos indo somente com atletas da modalidade de atletismo, com 70, mais 37 atletas da natação que também já fizeram excelentes campeonatos mundiais nesse ciclo. As nossas modalidades coletivas também, como por exemplo, o goalball conquistando o campeonato mundial, o voleibol feminino sentado, que conquistou também o título inédito do mundial. Então é só esperar os Jogos começarem que toda essa perspectiva é tanto para bater o número total de medalhas, como também de ouros conquistados.
A cada quatro anos, fala-se muito em relação às dificuldades do esporte olímpico no Brasil. Quais são as principais dificuldades do CPB?
Posso falar que hoje não é das maiores dificuldades, mas o grande desafio do CPB é estar presente em todo o território nacional. O CPB ainda tem 29 anos, o Comitê Paralímpico é uma entidade relativamente nova, mas o quanto o CPB já evoluiu é de uma satisfação enorme. O esporte paralímpico no mundo começou apenas depois da Segunda Guerra, com os soldados que viam fazer algum tipo de reabilitação e teve essa reabilitação no esporte e foi começando assim que surgiu o movimento paralímpico.
E qual é a estrutura do CPB?
A nossa sede é em São Paulo, mas temos centros de treinamento espalhados por todo o Brasil. Atualmente, estamos com 72 centros de referências pelo Brasil inteiro, pelo menos em cada capital do Brasil tem um centro de referência para aquela criança que queira começar a sua atividade física. Ela pode ter ali um ponto de apoio, de suporte que o CPB está atuando cada vez mais perto desses atletas. Então, desta forma, o CPB que atua cada vez mais em todo o território nacional para a descoberta de novos atletas. O CPB está incluindo a pessoa com deficiência na sociedade através do esporte.
A gente tem um número de estreantes bastante alto nos Jogos Paralímpicos. Isso comprova o trabalho que vocês vêm fazendo?
Isso é verdade, você falou aí dos 280 atletas que estão indo, 88 atletas estão indo para os Jogos Paralímpicos pela primeira vez. Temos dois atletas com 16 anos, o Vitor de natação e a Sofia Kelmer, do tênis de mesa. Isso mostra que o CPB também está preocupado com a continuidade, com o desenvolvimento, que tenha cada vez mais novos atletas, que eles estejam competindo agora e, lógico, em preparação já para o próximo ciclo, pensando em 2028. Em Los Angeles, em 2032, em Brisbane, na Austrália.