Logo após conquistar o ouro no solo e se isolar como a maior medalhista olímpica do Brasil em todos os tempos, Rebeca Andrade destacou a importância da gaúcha Daiane dos Santos, que abriu caminho para a ginástica brasileira ao se tornar a primeira atleta do país a ser campeã mundial da modalidade, em 2003.
— A Day foi minha grande referência porque era com quem eu me identificava. Ela sempre me tratou super bem, desde pequenininha, e é muito bom quando a gente tem uma referência. As meninas (das gerações anteriores) brigaram bastante para que hoje a gente tivesse mais suporte — disse Rebeca à reportagem de Zero Hora, na entrevista coletiva na Arena Bercy, logo após receber o ouro.
Poucos minutos antes, as norte-americanas Simone Biles e Jordan Chiles, prata e bronze, respectivamente, haviam destacado o fato de o pódio no solo ter sido formado exclusivamente por mulheres negras. Questionada sobre o tema, Rebeca exaltou o simbolismo desta conquista para o povo do Brasil.
— É mostrar a potência dos negros e que, independentemente das dificuldades, a gente pode sim fazer acontecer. A gente está aqui mostrando que é possível. Foi lindo, estou muito orgulhosa. Eu me amo, amo a cor da minha pele, mas também não me fecho só nisso. Eu sei que tenho vários outros pontos da Rebeca, da Jordan, da Simone e de várias atletas, não só da ginástica. Mas é poder incentivar e continuar mostrando que talvez seja um pouco mais difícil para você, mas é o teu sonho. Ninguém tem o direito de falar não para você, Então, vai atrás que você consegue. E a gente conseguiu provar isso — finalizou.
Com o ouro no solo, as pratas no individual-geral e no salto e o bronze por equipes conquistados em Paris, aliados às duas medalhas de Tóquio, Rebeca chegou a seis medalhas olímpicas, ultrapassando Robert Scheidt e Torben Grael e se isolando como a maior medalhista da história do Brasil em Olimpíadas.