O Brasil está a 90 minutos de uma conquista inédita no futebol feminino. Ao meio-dia do próximo sábado (10), a Seleção enfrenta os Estados Unidos buscando sua primeira medalha de ouro das Olimpíadas.
Para esta partida, há uma incógnita em relação à escalação. Marta volta a ficar à disposição depois de cumprir suspensão, portanto pode iniciar entre as titulares. Pensando nisso, Zero Hora conversou com especialistas em futebol feminino para perguntar se ela deve iniciar entre as 11 na final. Confira as opiniões:
Amanda Viana, comentarista nos canais GOAT e Nosso Futebol
"A Seleção Brasileira vem de dois jogos muito bons que coincidiram com a ausência de Marta. Marta teve boas atuações nas duas primeiras partidas, mas o jogo coletivo do Brasil não funcionou tão bem na fase de grupos. Acredito que a melhora defensiva e a evolução na coesão entre setores foram chave para o sucesso da equipe contra França e Espanha.
Dito isto, na minha visão, Arthur Elias deveria dar sequência ao plano coletivo de forte "jogo sem a bola" das últimas partidas, baseado em muita intensidade e pressão na marcação. Dessa forma, acho que Marta deveria iniciar no banco, sendo uma grande opção para o segundo tempo, com possibilidade de pegar a defesa dos Estados Unidos mais cansada."
Ana Thaís Matos, comentarista do Grupo Globo
"Em primeiro lugar é bom destacar que o Brasil não estava jogando mal porque a Marta estava em campo. Quem acompanhou os jogos, sabe que o técnico Arthur Elias modificou a forma do Brasil jogar não porque perdeu a Marta, mas porque o Brasil precisava mudar a postura no mata-mata, já que pelos resultados das adversárias o time foi para as quartas de final.
Considerando que a Marta participou diretamente dos lances de gols contra Nigéria e Japão, a competição dela estava sendo muito boa, inclusive fisicamente muito bem. O erro foi o modelo de jogo adotado contra a Espanha, que colocou o time inteiro pra marcar dentro da área e isso fez a Marta jogar fora de posição, apenas se defendendo. A expulsão passa muito por isso e ela errou e foi punida, mas foi muito mais um acidente com erro, do que maldade ou por ela não estar jogando bem.
Dito isto, o jogo da final contra os EUA é extremamente físico e com muita força pelos lados, em especial o lado direito com a Emily Fox, Trinity Rodman e Sophia Smith. Jogando "espalhado" pelo campo, como fez contra França e Espanha, o Brasil tem uma exigência de vencer duelos ocupando espaço e impedindo progressão, por isso eu acredito que o Arthur optaria em não iniciar com a Marta. E as estadunidenses são excelentes em progressão, principalmente pela parte física. Por esse contexto de jogo, a Marta pode começar no banco, caso Arthur Elias opte pelo 'falso 4-2-4' com mais leveza pra subir os contra-ataques e também pressionar no campo de defesa adversário. Vale lembrar que os Estados Unidos chegam desgastados com a prorrogação contra a Alemanha, assim como a Espanha atuou na semifinal. Isso vai ser definitivo para o time brasileiro."
Belle Suarez, comentarista da CazéTV
"Eu acho muito curioso as pessoas estarem debatendo a titularidade da Marta para a final. Ela é uma liderança mental e técnica para essa Seleção, a jogadora que quebrou todos os recordes quando tudo ainda estava mais embrionário do que hoje, ídolo de muitas que ali estão.
Em termos de futebol jogado, a gente já pode concluir que o Brasil, diferentemente de outras épocas, não é dependente da Marta, o que é maravilhoso. Temos um coletivo unido, forte e que se mostrou muito corajoso até o momento, numa trajetória de impressionante recuperação e sem contar com a sua estrela (que é a Marta) em dois jogos importantíssimos.
Eu optaria por deixá-la no banco na final, até porque estamos falando de uma jogadora que tem o poder de mudar o jogo com pouco tempo e poucos toques na bola. Nada apaga o que ela fez, inclusive nesses Jogos Olímpicos, e segue fazendo pelo futebol feminino e que bom que não dependemos mais dela de forma exclusiva. Ela vai sempre ser a Marta, jogue como titular ou não."
Cíntia Barlem, jornalista no Grupo Globo
"A Marta não chegou nesses Jogos Olímpicos por carteirada ou porque ela é a Marta, e sim porque ela estava jogando muito bem. Ela disputou praticamente todos os jogos do Orlando Pride nesse primeiro semestre. Estava voando, fazendo gol, dando assistência. Chegou aqui no seu auge físico.
Tanto que ela foi muito importante para o Brasil, tanto na estreia contra a Nigéria, como também no segundo jogo contra o Japão. Ela é uma jogadora decisiva. No momento que ela saiu contra o Japão, o Brasil acabou levando a virada. Não acho que o time melhorou quando ela saiu, acho muito errado falar esse tipo de coisa.
Então, é uma jogadora importante, que chama a marcação. Acredito que ela pode, sim, ser titular. Até porque a gente está tendo uma rotatividade muito alta entre as jogadoras. Não podemos esquecer que ela tem uma capacidade de visão de jogo que pode ser um diferencial muito importante contra os Estados Unidos. E aliás, ela joga na Liga Americana e conhece como é que é a movimentação de perto, de algumas dessas jogadoras que atuam por lá."