No embalo dos malabares, o paranaense Augusto Akio, 23 anos, fez jus à tradição do skate brasileiro e conquistou o bronze no park, nesta quarta (7), em Paris. Em entrevista à Rádio Gaúcha logo após a cerimônia de premiação, o atleta se emocionou ao contar como superou uma grave lesão no quadril e caiu em lágrimas ao relembrar a enchente que assolou o Rio Grande do Sul em maio.
— Força, Rio Grande do Sul. Força mesmo. De verdade — disse o skatista, abraçando o repórter que assina esta matéria ao identificá-lo como gaúcho.
Na sequência, ainda abraçado ao repórter e chorando copiosamente, o atleta enviou uma mensagem de solidariedade aos gaúchos através do microfone da Rádio Gaúcha.
— Eu sei o que estou vivendo e o quanto estou tendo que me esforçar para estar aqui. É desgastante ter que viajar e ficar longe da minha família, dos meus amigos e das pessoas que eu amo. Mas isso tudo não se compara nem um pouco ao que aconteceu com vocês. Mas a missão de todos nós é buscar um amanhã melhor. Força, Rio Grande do Sul — afirmou, ainda na pista.
Antes e depois das voltas, como de praxe nas suas competições, o paranaense, que também é conhecido como Japinha, fez pequenos shows de malabarismo em meio à pista da Praça da Concorde. Questionado pela Rádio Gaúcha sobre o motivo das brincadeiras com os malabares, Akio mais uma vez se emocionou.
— Eu comecei a jogar malabares porque eu precisava me reencontrar em alguma coisa. Eu estava afastado por conta de uma lesão e não sabia se voltaria a fazer aquilo que eu mais amo, que é andar de skate. E é por isso que eu carrego comigo para lá e para cá os malabares. É isso que eu tenho para falar — explicou o atleta, sem conter o choro e relembrando uma grave lesão sofrida no quadril em 2020.
Akio foi o último dos medalhistas a deixar a pista. Enquanto o campeão da prova, o australiano Keegan Palmer, e o vice, o americano Tom Schaar já estavam conhecendo entrevista coletiva, o brasileiro ainda posava para fotos com os voluntários, encantados com o carisma do skatista.
Minutos depois, na coletiva oficial, Akio foi recebido com aplausos pelos jornalistas e novamente questionado sobre os shows em meio às voltas. Desta vez, o atleta apresentou outra razão que lhe motiva a levar os malabares para a pista.
— Skate é expressividade. Os malabares são uma maneira de as pessoas identificar algo em mim. Às vezes eu estou na rua andando de skate e as pessoas me param e perguntam: "você é o Japinha dos malabares?" — explicou.
O bronze de Akio foi a 14ª medalha conquistada pelo Brasil nas Olimpíadas de Paris e a quinta do skate brasileiro na ainda curta história olímpica da modalidade.