A uma semana da cerimônia de abertura, a Olimpíada já transformou a rotina de Paris. Além do aumento nos preços, deslocar-se pela cidade de carro ou de metrô virou um desafio em função dos perímetros de segurança criados em volta das duas margens do Rio Sena e dos principais pontos turísticos. Por conta dos transtornos, milhares de parisienses optaram por deixar a capital francesa durante os Jogos.
— A cidade está vazia. Quem tem uma casa na praia ou na campanha, como dizemos aqui, foi embora. O parisiense em geral não gosta da Olimpíada e reclama dela todo dia. Então, a maioria se organizou para fugir nesta época — conta o chef de cozinha Lucas Campos, 36 anos, gaúcho de Porto Alegre e que mora há 13 anos em Paris.
O estudante francês Charles Loughner, 23 anos, que irá trabalhar como garçom em um bar durante a Olímpiada, acredita que será um dos poucos parisienses a permanecer na capital francesa.
— Não vai ficar quase ninguém. Vai ter muito turista e pouco parisiense na cidade. A maior parte vai para o sul da França ou para Portugal — afirma
A principal dor de cabeça envolve o transporte, pois os principais bloqueios ficam na região central de Paris, sobrecarregando o trânsito.
— Eles diminuíram as pistas para carros. Há ruas totalmente bloqueadas e outras que tinham duas vias e agora só têm uma. Se tu moras em um local que está dentro do perímetro, precisas ter um passaporte que comprove que tu moras ali para poder entrar em casa — relata Campos.
Já a esposa do gaúcho, a empresária francesa Nikon Lecomt, 33 anos, adotou a bicicleta como meio de transporte, uma vez que, em função dos transtornos, a prefeitura de Paris aumentou o número de ciclovias.
— Eu sempre ando de bicicleta agora, pois de carro ou de metrô nunca sabemos onde vai dar para passar, e aí difícil chegar no horário — conta
Outro fator que incomoda os parisienses é a alta nos preços, tanto no transporte, como no comércio e nos restaurantes. A tarifa do metrô, por exemplo, dobrou de valor em função da Olimpíada.
— Está muito complicado para nós, parisienses. As restrições para se deslocar são altas, e a vida cotidiana está muito impactada. O custo dos transportes cresceu, e os preços em geral subiram. Os parisienses terão que gastar muito mais dinheiro neste período — completa Loughner.
Entre os locais isolados por perímetros de segurança estão a Praça da Concorde, onde serão disputadas as provas do skate, a Torre Eiffel e suas imediações, onde foi erguida a arena do vôlei de praia, e as margens do Rio Sena, que divide Paris ao meio e será sede da cerimônia de abertura e da maratona aquática.