— Muito obrigado, muito obrigado por vocês estarem aqui — me disse o presidente da França, Emmanuel Macron, logo após eu explicar que meus colegas e eu, do Grupo RBS, enviados a Paris, viemos de um estado no sul do Brasil que há dois meses foi devastado por uma enchente.
Essa conversa ocorreu durante um evento de recepção à imprensa internacional nesta segunda (22), no Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Logo após encerrar um discurso para 450 jornalistas de mais de 60 países, em que exaltou o legado das Olimpíadas para o mundo, Macron quebrou o protocolo, desceu do púlpito e foi em direção à imprensa. E o primeiro a ser cumprimentado pelo chefe de estado francês fui eu.
Tenho certeza de ter visto Macron sorrir ao ver a bandeira do Brasil bordada na manga esquerda da minha camisa polo azul marinho do Grupo RBS quando veio em minha direção.
— Sou do Brasil, senhor presidente — eu disse, apertando a sua mão.
— Ohh! — exclamou Macron, com entusiasmo, sem largá-la.
Foi então que expliquei em poucas palavras o que havia ocorrido no Rio Grande do Sul e o quanto, em minha opinião, as Olimpíadas poderiam inspirar a nossa reconstrução. Neste momento, já abordado por dezenas de jornalistas de diversas nações, Macron olhou nos meus olhos e agradeceu por, em meio a este cenário, estarmos na França para contarmos a história dos Jogos. E, logo após, apontou para o seu lado esquerdo e me apresentou à primeira-dama Brigitte Macron, com quem também troquei aperto de mãos.
Neste instante, jornalistas de outros países também aproveitaram a oportunidade para cumprimentar Macron. Contudo, pouco mais de um minuto depois, o presidente seguia na minha frente. Lembrei então de uma notícia publicada em março pela colega Juliana Beviláqua, do Pioneiro, de que, na sua última visita ao Brasil, o chefe de estado francês havia sido presenteado pelo presidente Lula com espumantes da Serra Gaúcha. Não tive dúvidas.
— Presidente, os espumantes que o presidente Lula deu ao senhor em março foram produzidos no meu Estado. Espero que o senhor tenha apreciado — falei.
Macron me respondeu:
— Eu apreciei. E eu amo o Lula — finalizou, antes de partir para atender a outros jornalistas que já se acotovelavam para abordá-lo.
Como foi o evento de recepção
Mas, agora que já contei como foi a minha conversa com Macron, quero falar sobre o evento, uma recepção à imprensa internacional presente em Paris para a cobertura das Olimpíadas e para a qual o Grupo RBS havia sido convidado a participar.
Conforme combinado com a secretaria de imprensa do Palácio do Eliseu, cheguei por volta de 13h15min (08h15min no Brasil) à porta dos fundos da sede do governo. É um imponente edifício erguido em 1722, antes mesmo da Revolução Francesa, e que impacta sobretudo pela beleza das obras de arte que decoram o teto dos andares que tivemos acesso. Após passarmos por uma barreira de policiais — alguns deles armados com fuzis — e um portão com detector de metais e máquina de raio-x, fomos conduzidos à sala do encontro com Macron, onde um coquetel e o som dos violinos de uma orquestra nos davam às boas-vindas.
Macron chegou às 15h25min (10h25min, no Brasil), acompanhado do presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomaz Bach, e da ministra do Esporte, Amélie Oudéa-Castéra. Em seu discurso, o presidente garantiu as boas condições do Rio Sena e afirmou que as Olimpíadas 2024 serão "os Jogos da inclusão, da sustentabilidade, da juventude e da igualdade".
— Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos irão mudar o dia a dia dos franceses e a vida deste país. Serão os mais sustentáveis da história e faremos o nosso melhor para dar a nossa contribuição para um mundo melhor — afirmou, antes de ir ao encontro dos jornalistas, dos quais tive a honra de ser o primeiro a apertar a sua mão.
Na sexta-feira (26), na cerimônia de abertura das Olimpíadas, Macron fará, às margens, do Rio Sena, o discurso inaugural dos Jogos. Mas não sem antes degustar um saboroso espumante da Serra Gaúcha.