Chora Jade Barbosa. Mas não só ela. Choraram também Rebeca Andrade, Flávio Saraiva, Júlia Soares e Lorrane Oliveira. E não só elas. Na tarde desta terça-feira (30), junto com o pranto das atletas, escorreram lágrimas dos olhos dos brasileiros. Era tudo alegria, após o quinteto de pequenas gigantes (a altura delas varia entre 1,42m e 1,55m) conquistar o bronze por equipes na ginástica artística das Olimpíadas de Paris.
Além de linda, a ginástica se mostrou emocionante. Por 16 minutos a respiração ficou presa até que o terceiro lugar brasileiro fosse confirmado. Nervosismo em forma de medalha.
A ginástica feminina por equipes é dividia em quatro rotações. Como os times fazem aparelhos com duração de tempo diferentes, as brasileiras precisaram esperar quatro adversárias terminarem suas apresentações.
Rebeca Andrade cravou 15.100 no salto sobre a mesa, na última participação brasileira na prova. A pontuação rendeu uma somatória de 164,497 ao Brasil. A conquista é coletiva, mas sem as apresentações dela, as lágrimas teriam outro sentido. A paulista fez a melhor nota entre as brasileiras em todos os aparelhos.
— Eu estava um pouco nervosa. Estava muito cansada do solo. Confiança no trabalho não tem o que discutir. Fui lá respirar. Foi disso que tirei o 15.100 — contou.
A ginasta se igualou à judoca Mayra Aguiar e a jogadora de vôlei Fofão como as maiores medalhistas mulheres do Brasil. O recorde é de cinco condecorações e pertencem aos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael. Ela ainda voltará à Arena Bercy e, provavelmente, a brilhar. Disputará ainda as finais do individual geral, junto com Flávia Saraiva, salto, trave, com Júlia Soares, e solo.
Espera e expectativa
Longos 960 segundos se passaram até a garantia da medalha. Romenas e britânicas ainda competiam na trave. Americanas e italianas flutuavam pelo solo.
Com Biles, os Estados Unidos apenas cumpriam o protocolo rumo ao ouro. As ginastas da Romênia faziam figuração na briga por medalha. Os olhos estavam sobre britânicas e italianas. Cada país tinha duas atletas para realizar suas séries.
Rebecca Downie deixou as brasileiras vivas com um 12.933 na trave. Alice d'Amato, no solo, deixou as italianas perto da prata.
O futuro está nas performances de Alice Kinsella, da Grã-Bretanha, e Angela Andreoli, da Itália. As duas se movimentavam em seus aparelhos ao mesmo tempo. As brasileiras estavam sentadas inertes.
Alice não foi além de um 13.600. As britânicas estavam fora do páreo. O lugar no pódio estava garantido. Os 13.833 de Andreoli fizeram a Itália superar o Brasil. Pouca diferença fez, a bandeira verde e amarelo estava tremulando na mão do quinteto. Biles fez sua parte para levar as americanas, outra vez, ao topo da ginástica mundial.
— Eu tenho muito orgulho do que construímos durante esse período. Hoje a gente colhe o resultado de muitas gerações. É até difícil acreditar — destacou Jade Barbosa.
No mano a mano com Rebeca, cada uma levou vantagem em dois aparelhos. A ginástica, em Paris, ainda tem muita emoção e suspense pela frente.
As finais brasileiras na ginástica
- Quarta-feira (31) - Individual geral masculino (Diogo Soares), 12h30min
- Quinta-feira (1/8) - Individual geral (Rebeca Andrade e Flávia Saraiva), às 13h15min
- Sábado (3/8) - Salto (Rebeca Andrade), às 11h20min
- Segunda-feira (5/8) - Trave (Rebeca Andrade e Júlia Soares), 7h38min
- Segunda-feira (5/8) - Solo (Rebeca Andrade), 9h23min