O Brasil esteve presente em 13 finais, com 22 atletas, nesta quinta-feira (3), quarto dia de competição no Campeonato Mundial de Natação Paralímpica, que está sendo disputado em Manchester, na Inglaterra. Ao término das provas, 10 pódios foram comemorados, com três ouros, três pratas e quatro bronzes.
Grande destaque nos primeiros três dias de competição, com três ouros, a pernambucana Carol Santiago caiu mais uma vez na piscina e faturou mais duas medalhas para sua coleção. Nos 100 metros peito da classe S12 (para atletas com baixa visão), ela fez 1min14s87 e ficou com a prata. A campeã foi a alemã Elena Krawzuw, que marcou 1min13s13 e estabeleceu um novo recorde do campeonato. A sul-africana Alani Ferreira garantiu o bronze.
— É sempre desafiador, para mim, nadar os 100m peito. Exige muito de mim e deixa meu programa mais cansativo. Foi um grande desafio, mas saio satisfeita. Deixei tudo na piscina. Queria muito aquele ouro. Briguei por ele, mas, desta vez, não foi suficiente. Vou me contentar com a minha prata e trabalhar mais para, na próxima, tentar o título — disse a atleta que completou 38 anos na quarta e que nasceu com a Síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
No encerramento da jornada, a nadadora do Grêmio Naútico União fez parte da equipe que conquistou o bronze no revezamento misto 4x100 m livre - 49 pontos. Ao lado de Guilherme Batista, Matheus Rheine e Lucilene Souza, Carol estabeleceu um novo recorde das Américas, com o tempo de 4min28s63. A Ucrânia quebrou o recorde mundial (4min26s78) e levou a melhor na disputa pelo ouro com a Espanha, que completou em 4min28s10.
O primeiro ouro brasileiro desta quinta foi ganho por Talisson Glock nos 400 metros livre da classe S6 (limitação físico-motora). Com um novo recorde das Américas (4min52s42), ele superou o italiano Antonio Fantini, prata, e o mexicano Raúl Gutiérrez, bronze.
Cecília Araújo cravou 1min05s69 para se tornar campeã dos 100 m livre da classe S8 (limitação físico-motora). A britânica Alice Tai e a americana Jessica Long completaram o pódio.
— O técnico da minha adversária me encarou antes da disputa, mas eu não me intimidei. Só fiquei mais motivada para ganhar a prova. Foi a realização de um sonho vencer os 100m livre. Eu sou uma velocista e as rivais geralmente me buscam no final. Mas eu me lembrei do conselho que recebi. Fiz uma boa chegada e o melhor tempo da minha vida — comentou a nadadora potiguar.
A terceira medalha dourada do dia veio com Gabriel Araújo nos 200 m livre da classe S2 (limitações físico-motoras), que fez 4min01s51 e ficou mais de 21 segundos à frente do tcheco Jacek Czech, prata com 4min22s96. O chileno Alberto Abarza foi bronze. Ainda nesta prova, o também brasileiro Bruno Becker fechou na sétima posição.
Duas das mais experientes da delegação brasileira subiram juntas no pódio dos 50 metros costas S3 (limitação físico-motora). A cearense Edênia Garcia fez 1min01s38 e assegurou a prata e a gaúcha Susana Schnarndorf ( Associação Esporte+), 55 anos, que levou o bronze com 1min01s81. A britânica Ellie Challis nadou em 54s90 e conquistou o ouro. A também brasileira Maiara Barreto foi a quarta colocada.
—Não fiz meu melhor tempo, mas cheguei bem perto. É sempre bom subir ao pódio e ganhar medalha em Mundial — avaliou Susana, que tem a doença MSA (múltipla falência dos sistemas).
Mariana Gesteira não conseguiu defender o título mundial nos 100 m livre da classe S9 (limitação físico-motora). Mas com 1min02s57 ela garantiu a prata. A vencedora foi a australiana Alexa Leary (1min00s24), A espanhola Sari Gascon ficou com o bronze. Já a brasileira Camille Rodrigues bateu em sexto.
Nos 100 m livre da classe S8 (limitação físico-motora), Gabriel Araújo repetiu o resultado do último Mundial e ganhou a medalha de bronze. O americano Noah Jaffe e o chinês Haijiao Xu terminaram com ouro e prata.
O Brasil ainda faturou outro bronze com o revezamento misto 4 x 100 m livre S14 (deficiência intelectual). João Pedro Brutos, Gabriel Bandeira, Ana Karolina Soares e Déobra Carneiro formaram a equipe. A Grã-Bretanha ficou com o ouro e a prata foi para a Austrália.
Com 28 pódios em todo o Mundial (dez ouros, oito pratas e dez bronzes), a seleção brasileira ocupa a terceira colocação no quadro de medalhas e está à frente da anfitriã Grã-Bretanha (dez ouros, cinco pratas e sete bronzes). A China lidera com 14 ouros, 14 pratas e oito bronzes, seguida pela Itália (14 ouros, sete pratas e oito ouros).