Rebeca Andrade, da ginástica artística, e Isaquias Queiroz, da canoagem, foram os vencedores do 22° Prêmio Brasil Olímpico, que foi entregue nesta terça-feira (7) pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) no luxuoso Teatro Tobias Barreto, em Aracaju, Sergipe. Foi a primeira vez na história que a cerimônia ocorreu no Nordeste, região que trouxe quatro dos sete ouros conquistados pelo país em Tóquio. A gaúcha Fernanda Garay venceu os prêmios de melhor do vôlei do ano e de atleta de galera, através de votação no site do COB.
Rebeca foi uma das responsáveis pelo melhor desempenho da história do Brasil em Jogos Olímpicos. Em Tóquio, a ginasta de 22 anos nascida em São Paulo conquistou duas medalhas — ouro no salto e prata no individual geral. E o ano de Rebeca não terminou por aí. Em outubro, foi campeã mundial no Japão no salto e prata nas assimétricas, encerrando uma temporada que começou sob dúvidas após uma série de lesões nos joelhos.
De férias em Orlando, nos Estados Unidos, Rebeca agradeceu pelo prêmio:
— Esse momento é muito importante para mim. Realizei todos os meus sonhos neste ano. Sou grata à minha família e a todos que me ajudaram. Sinto que esse prêmio não é só meu. Tenho orgulho da nossa história — disse Rebeca, que bateu Ana Marcela Cunha, campeã olímpica na maratona aquática, e Rayssa Leal, prata no skate.
Isaquias Queiroz leva o Prêmio Brasil Olímpico pela quarta vez — é o atleta que mais venceu a honraria. Medalhista de ouro em Tóquio, o baiano de 27 anos também tem na bagagem duas pratas e um bronze nos Jogos do Rio 2016, além de seis ouros em Mundiais de Canoagem. Em Aracajú, venceu Hebert Conceição, ouro no boxe em Tóquio, e Ítalo Ferreira, primeiro campeão olímpico da história do surfe.
— Quero agradecer ao COB pelo apoio. São muitas pessoas por trás deste prêmio — disse Isaquias.
Homenagens
Todos os medalhistas em Tóquio foram homenageados. O Rio Grande do Sul foi representado por Mayra Aguiar e Daniel Cargnin, que conquistaram o bronze no judô, e Fernanda Garay, que levou a prata no vôlei e foi escolhida a melhor da modalidade no ano.
— É maravilhoso. Nunca imaginei, nesse ano difícil de lesão e pandemia, que venceria esse prêmio. Parecia impossível, mas deu certo. Cheguei na Olimpíada pior fisicamente do que minhas adversárias, mas muito confiante — disse Mayra, 30 anos, dona de três bronzes em Jogos Olímpicos e escolhida a melhor do ano do judô.
Outros prêmios
A noite de gala do esporte brasileiro ainda contou com outras premiações. Representando os valores positivos do esporte, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva foi entregue à Janeth dos Santos Arcain, 52 anos, uma das estrelas da principal geração do basquete feminino do Brasil, e dona de duas medalhas olímpicas — prata em Atlanta 1996 e bronze em Sydney 2000 — e do título mundial em 1994. Janeth recebeu a homenagem das mãos da filha de Adhemar, Adyel Silva.
Um dos maiores nomes da história do esporte brasileiro, Adhemar Ferreira da Silva disputou quatro edições dos Jogos Olímpicos, entre Londres 1948 e Roma 1960. O paulista conquistou o ouro em Helsinque 1952 e Melbourne 1956. Foi ele o inventor da volta olímpica. Adhemar morreu em 2001, aos 73 anos. Na terça-feira (7), entrou no Hall da Fama do esporte brasileiro.
Jovens
A campanha histórica na primeira edição dos Jogos Pan-Americanos Júnior também foi lembrada em Aracaju. O Brasil terminou a competição em Cali, na Colômbia, como líder do quadro de medalhas. Nesta terça-feira, Maria Eduarda Alexandre, da ginástica rítmica, que conquistou três ouros, e Igor Queiroz, campeão na categoria até 97k do wrestling, representarem os jovens da deleção brasileira e subiram ao pódio para receberem uma placa comemorativa.
Igor, aliás, foi protagonista de um dos momentos mais marcantes dos Jogos — e que possivelmente circulou pela sua timeline nas redes sociais. Sua medalha de ouro veio apenas no último segundo da luta, enquanto seu oponente já comemorava o título.
Em Cali, o Time Brasil conquistou 164 medalhas, sendo 59 ouros, 49 pratas e 56 bronzes e terminando a competição na liderança do quadro de medalhas. A maior medalhista da competição também foi brasileira. Com apenas 17 anos, a nadadora Stephanie Balduccini conquistou sete medalhas de ouro.
Melhores treinadores
O COB aproveitou a cerimônia para a entrega dos troféus de Melhores Treinadores do Ano. O RS teve dois representantes. O primeiro foi Mateus Alves, técnico de boxe que foi a mente por trás da preparação Hebert Conceição, ouro em Tóquio, Beatriz Ferreira, prata, e Abner Teixeira, bronze. E o segundo foi André Jardine, ouro com a seleção brasileira na Olimpíada. Fernando Possenti (maratonas aquáticas), Francisco Porath (ginástica artística), Javier Torres (vela) e Lauro Souza (canoagem velocidade) também foram premiados.
Hall da Fama
Quatro brasileiros tiveram cerimônia de entrada no Hall da Fama. Magic Paula, campeã mundial de basquete em 1994 e prata nos Jogos Olímpicos Atlanta 1996; Sebastián Cuattrin (canoagem velocidade), 11 medalhas em Jogos Pan-americanos; e os já falecidos Adhemar Ferreira da Silva (atletismo), bicampeão olímpico no salto triplo; e Tetsuo Okamoto (natação); primeiro medalhista olímpico da natação brasileira: bronze nos 1.500m livre, em Helsinque 1952.