Esta terça-feira, 7 de setembro, marca a data de 150 dias para o Brasil estar representado na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022. Em 4 de fevereiro do ano que vem, terá início a nona participação brasileira na história do evento.
Esta será a primeira vez que uma cidade que já abrigou os Jogos de Verão sediará também a edição de inverno — a capital chinesa sediou as Olimpíadas em 2008. Uma das estruturas que será reutilizada é o lendário estádio Ninho de Pássaro, palco da Cerimônia de Abertura há 13 anos, que também receberá o desfile das delegações em 2022.
A competição contará com cerca de 3 mil atletas, em 109 eventos de sete esportes olímpicos (15 modalidades), até o dia 20 de fevereiro.
— Ter a oportunidade de participar dos Jogos Olímpicos de Inverno demostra o quão democrático o cenário esportivo brasileiro é e, principalmente, exemplifica o desenvolvimento do esporte brasileiro no cenário olímpico — garante Sebastian Pereira, gerente-executivo de Jogos e Operações Internacionais do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
— Mesmo considerando o momento atual de pandemia da covid-19, nosso objetivo é sempre a busca de sermos melhores do que na edição anterior do evento. Ou seja, evoluir nos resultados esportivos e no número de atletas brasileiros nos Jogos — complementa o ex-judoca, que foi medalhista de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg 1999 e no Campeonato Mundial do mesmo ano.
Representantes
Até o momento, o Brasil tem garantidas três vagas em Pequim, todas no esqui cross-country, sendo duas no feminino e uma no masculino. A expectativa é bater o recorde de participantes (13) e de modalidades disputadas numa mesma edição (7), ambas em Sochi 2014.
O Time Brasil vai buscar ainda ter representantes nas seguintes modalidades: esqui alpino, esqui estilo livre (moguls e halfpipe) e snowboard (cross e halfpipe), entre os esportes de neve; e bobsled (equipes masculino e monobob feminino), skeleton, patinação artística, patinação velocidade e curling, nos de gelo.
Desde a estreia em Albertville 1992, na França, até PyeongChang 2018, na Coreia do Sul, o Brasil soma oito participações nos Jogos de Inverno, com 35 atletas em oito modalidades (biatlo, bobsled, esqui alpino, esqui cross country, esqui estilo livre, luge, patinação artística e snowboard). Na última edição, com 10 atletas, teve a terceira maior delegação das Américas, atrás apenas de Canadá e Estados Unidos.
Com o início da temporada de inverno no hemisfério norte, os atletas brasileiros vão em busca da vaga olímpica, a partir do planejamento elaborado pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) e pela Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), com apoio do COB.
— A CBDG está em fase final de preparação. Esperamos levar nossa maior delegação, tanto em número de provas disputadas, quanto em número de atletas. Grandes chances de qualificação no 2-man, 4-man e monobob, no bobsled, e de estrearmos no skeleton com a Nicole Silveira, atleta muito promissora. Também acreditamos na terceira qualificação consecutiva da Isadora Williams. E trabalhamos pela classificação, embora mais difícil, na patinação de velocidade e no curling. Nós e os atletas estamos motivados para alcançar grandes marcas — explica Felipe Braun, Gerente de Esportes da CBDG.
A classificação para os Jogos de Pequim foi projetada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para ocorrer apenas em 2022, como explica Pedro Cavazzoni, CEO e Superintendente Técnico da CBDN:
— O sistema de classificação para os Jogos foi desenhado, na maioria dos esportes de neve, para que as vagas sejam definidas na própria temporada dos Jogos. Assim, estamos na reta final de classificação e preparação para o evento. Em diversos casos, só teremos a confirmação das vagas a menos de um mês para a abertura de Pequim 2022. Por isso, os atletas brasileiros e suas equipes técnicas entrarão nas pistas em diversos países do mundo buscando a classificação ao longo dos próximos meses.
Os Jogos Olímpicos de Inverno estão divididos em três zonas de competição: Pequim, Yanqing e Zhangjiakou, na província de Hebei. Todos os 12 locais de competição estão prontos e começarão a receber eventos-teste. Quanto às nove instalações não competitivas, como Centros de Mídia e as Vilas Olímpicas, oito já foram colocadas em funcionamento e a reforma da última, o Estádio Nacional, mais conhecido como Ninho do Pássaro, que será usado para as Cerimônias de Abertura e Encerramento, deverá ser concluída até outubro.
Além disso, mais de 30 projetos de infraestrutura de apoio foram concluídos até junho, incluindo uma ferrovia de alta velocidade, novas vias expressas e uma rede de energia ecologicamente correta. O Comitê Organizador Pequim 2022 colocou a sustentabilidade como um dos pilares e, por isso, todas as instalações serão abertas ao público para a prática de esportes de inverno após os Jogos.
Os Jogos de Inverno foram criados em 1924 e eram originalmente disputados nos mesmos anos dos Jogos de Verão. A mudança ocorreu a partir de 1994, quando começaram a ocorrer nos anos pares em que não há Jogos de Verão.
A edição de 2022 será a segunda consecutiva na Ásia, depois de ter sido na Coreia do Sul em 2018. Isso ocorreu porque a única alternativa à China foi uma candidatura também asiática: de Almaty, no Cazaquistão. Oslo, na Noruega, retirou a candidatura antes da votação. Em 2026, os Jogos de Inverno serão em Milão e Cortina d'Ampezzo, na Itália.