Circulando pelas estações de metrô de Tóquio, me deparei com três portas numeradas. Pareciam boxes de banho — e até faria sentido que fossem, diante do calor que faz aqui. Mas ao me aproximar para ver do que se tratava, enxerguei pés com sapatos pela única fresta que dava visibilidade à parte interna. Investiguei um pouco mais e entendi: eram miniescritórios.
Um espaço de um metro quadrado com ar-condicionado, uma cadeira e uma escrivaninha pequena, além de uma tela de TV e internet. Se estiver em trânsito e precisar parar para uma reunião, por exemplo, o japonês não passa sufoco.
Ou mesmo se precisar se concentrar em algum conteúdo com seu notebook, ali está seu local de trabalho sossegado. Em tempos de home office, em que as demandas virtuais estão cada vez mais comuns e maiores, achei uma bela solução.
Aproveite o Japão
Já estamos quase no fim dos Jogos Olímpicos, mas, em função das restrições impostas pela pandemia, só há poucos dias estamos circulando por Tóquio. Hoje em um bairro bem movimentado eu andava enquanto fazia um boletim para o Madrugada Olímpica da Rádio Gaúcha. Encantados com meu microfone, dois japonesinhos me abordaram e me entregaram um papelzinho: "Enjoy Japan" — "Aproveite o Japão".
Além das arenas de competições, tem um Japão que quer ser conhecido. Nem as crianças, nem a mãe que os acompanhava falavam inglês. Mas cheios de boa vontade se dispuseram a conversar comigo através do tradutor do celular. Contaram que estão muito felizes em receber gente do mundo todo por conta das Olimpíadas e que tinham passado na Vila Olímpica mais cedo, onde os atletas ficam hospedados, para entregar os mesmos papéis. O pedido deles é um ordem. Os Jogos acabam no domingo, temos mais dois dias para aproveitar.
Sorvete "de cocô" e outras loucuras
O bairro de Harajuku é conhecido por ser um reduto da cultura pop japonesa. Na rua Takeshita, entre muitas lojinhas com as mais variadas bugigangas e comidinhas diferentes, circulam jovens japoneses vestidos de forma bem peculiar.
Desde os fashionistas, ligados nas mais novas tendências, aos que aderem ao cosplay (arte de se transformar em um personagem através de roupas e maquiagem), e muitas meninas vestidas de animes (histórias em quadrinhos japonesas).
Minha primeira sensação ao entrar na rua foi de que se tratava de uma 25 de Março (conhecida rua do comércio popular paulista) de Tóquio, mas basta olhar mais de perto para perceber as nuances únicas. Passei em frente a uma loja multicolorida e, curiosa, entrei.
Vendia sorvetes e refrigerante, nada de novo não fosse o sorvete em forma de cocô e o refrigerante servido em mamadeiras. Mais pra frente uma vitrine com belíssimos pães, que na verdade eram de plástico, para apertar de forma terapêutica. Lentes de contato para mudar a cor dos olhos e uma loja inteira só com máquinas dessas em que se coloca uma moeda e tira uma bolinha com algum brinquedo dentro (meu filho ia adorar — eu só pensava isso!).
São alguns metros de loucura que à primeira vista podem parecer até algo já conhecido e simples, mas que, com um olhar mais atento, revelam surpresas incríveis.