O ouro inédito no futebol feminino terá de esperar mais três anos. Depois de um empate em 0 a 0 nos primeiros 90 minutos e na prorrogação, a Seleção Brasileira foi derrotada por 4 a 3 nos pênaltis, pelo Canadá, e deu adeus às Olimpíadas na manhã desta sexta-feira (30). São os segundos Jogos seguidos em que o Brasil não consegue chegar ao pódio — em 2016, no Rio de Janeiro, perdeu o bronze para o mesmo adversário dessa sexta-feira.
Agora, as canadenses aguardam o vencedor do confronto entre Holanda e Estados Unidos, vice-campeão e campeão mundial em 2019, que se enfrentam a partir das 8h, em Yokohama. Quem vencer duelará com o Canadá na próxima segunda-feira (2), às 5h, em Kashima.
Em Paris 2024, a Seleção não deve mais contar com a meio-campista Formiga, que atuou em Tóquio com 43 anos, e com Marta, que terá 38 na França. Sob o comando de Pia Sundhage, terá de passar por uma reformulação em busca de voltar a conseguir duelar de igual para igual com as seleções de ponta.
Mesmo que se ventilasse a ideia de que a técnica Pia Sundhage voltasse a fazer mudanças na escalação inicial, a sueca preferiu repetir o time que empatou com a Holanda na segunda rodada da fase de grupos. Assim, aquelas jogadoras que foram poupadas na vitória contra a Zâmbia voltaram à equipe.
A primeira oportunidade da partida foi do Brasil, logo aos quatro minutos. Debinha foi lançada dentro da área, a zaga canadense cortou mal e a bola sobrou para a camisa 9 brasileira, que acabou desarmada.
Mesmo com o melhor começo da Seleção Brasileira, o Canadá conseguiu se recuperar e passou a controlar a partida. Primeiro, aos 11, um escanteio foi batido dentro da pequena área, a goleira Bárbara tirou de soco e, no rebote, a meio-campista Quinn mandou por cima.
O Brasil tentou repetir com Tamires, três minutos depois. A lateral-esquerda articulou com Marta e recebeu na entrada da área, mas a bola saiu ao lado da goleira defendida por Labbé.
A partir daí, as canadenses tomaram o controle da partida e levaram perigo em três oportunidades. Aos 20, a camisa 10 Lawrence recebeu nas costas de Tamires e cruzou dentro da área para Sinclair. A sorte brasileira foi que a maior artilheira de seleções no mundo (tanto no masculino, quanto no feminino) não conseguiu dominar.
Quatro minutos depois, Fleming pegou mais uma sobra na entrada da área e arriscou, mas a bola saiu ao lado do gol defendido por Bárbara. Depois, em mais uma ação de Lawrence, Beckie recebeu de novo nas costas de Tamires, mas mandou longe.
O Brasil pareceu acordar a partir dos 30 minutos. Botando a bola no chão, chegou a um dos seus lances de maior perigo. Formiga achou, dentro da área, a infiltração de Duda. A brasileira limpou Chapman e foi derrubada. Aí, a arbitragem entrou em ação: a juíza marcou o pênalti, a bandeirinha assinalou o impedimento, e o lance foi para o VAR. A camisa 7 brasileira não estava impedida, e a juíza voltou atrás depois de ver a imagem no monitor.
A carga brasileira voltou com Debinha em duas chances. Primeiro, ela acionou o pivô de Bia Zaneratto, recebeu de volta e bateu em cima da defesa canadense. Aos 38, a camisa 9 brasileira roubou a bola no último terço e avançou até dentro da área, mas adiantou demais e perdeu a oportunidade.
A técnica Pia Sundhage resolveu voltar para a etapa final com a mesma equipe que saiu jogando. Mas não demorou muito para que a sueca percebesse que o time estava abaixo do esperado. Aos 13, Ludmila entrou no lugar da centroavante Bia Zaneratto, buscando dar mais velocidade ao ataque brasileiro.
O Brasil contou com a sorte, logo depois que fez a substituição. Em uma cobrança de falta para a área, Gilles subiu mais alto que Bruna Benites e tocou de cabeça, mas a bola explodiu direto no travessão, para alívio da torcida brasileira.
A troca feita por Pia surtiu efeito e o Brasil melhorou na partida, com mais posse de bola e explorando os contra-ataques com a camisa 12, ainda que ela sofresse com a forte marcação canadense. Mas foi com Debinha que a Seleção chegou novamente. A camisa 9 chapou de fora da área, mas Labbé fez a defesa.
Em seu sétimo Jogos e aos 43 anos, Formiga deixou o gramado 28 minutos da etapa final. Ela foi substituída pela meio-campista Angelina, 22 anos mais nova que a camisa 8 do Brasil.
Aos 33, Marta bateu uma falta dentro da área, a goleira canadense bateu roupa, e nenhuma brasileira conseguiu chegar para empurrar a bola para dentro do gol. A resposta do Canadá foi perigosa com Rose. A atacante recebeu nas costas da zaga brasileira, mas acabou travada pela zagueira Érika, que mandou para escanteio.
A última oportunidade do tempo normal foi brasileira. Ludmila foi lançada por Érika nas costas da defesa canadense, mas a zagueira Gilles deu um carrinho e dividiu junto com a goleira Labbé, que fica com a bola no rebote.
Os 90 minutos do tempo regulamentar não foram suficientes para decidirem a partida. Em uma partida muito brigada, mas com poucas chances reais de gol, Marta e companhia tiveram que enfrentar a prorrogação.
Com as duas seleções cansadas, o primeiro tempo da prorrogação foi ainda mais complicado para as equipes. O corpo já não respondia tanto, e a velocidade não era mais aquela dos primeiros minutos de jogo. Aos oito, Debinha recebeu nas costas da defesa, mas a zaga canadense tocou para escanteio. A goleira do Canadá salvou as norte-americanas. Ludmila ganhou de Buchanan, mas trombou com a goleira Labbé, que ficou caída no gramado. A atacante brasileira tomou o cartão amarelo, que o tirou da semifinal.
Pensando em colocar sangue novo em campo, a técnica do Brasil fez mais uma troca. Andressa Alves, uma das artilheiras da Seleção nas Olimpíadas, entrou no lugar de Duda. Mas a camisa 21 não teve muito tempo no primeiro tempo da prorrogação para buscar o gol.
O Canadá começou os últimos 15 minutos de jogo assustando as brasileiras. Leon recebeu pela direita, limpou a jogada e chutou cruzado, de esquerda, à direita do gol do Brasil. Visivelmente cansada, foi de Marta a primeira oportunidade brasileira aos cinco minutos. A camisa 10 arriscou de fora da área, mas a bola saiu longe do gol canadense.
Os chutes de longe foram as alternativas encontradas pela Seleção para furar a defesa adversária. Depois de Andressa Alves bater em cima da defesa, Debinha chutou, de direita, mas a bola saiu ao lado da goleira.
A camisa 9 ainda teve mais uma chance no final da prorrogação. A defesa do Canadá bateu cabeça, a bola sobrou e ela bateu, mas o lance acabou em escanteio. No rebote, Rafaelle tocou, mas Labbé salvou o time da América do Norte.
Nos pênaltis, o Brasil até saiu na frente com o erro de Sinclair. Nas últimas cobranças, no entanto, Andressa Alves e Rafaelle erraram e determinaram a eliminação brasileira.