Um país, ao ganhar o direito de sediar uma edição de Jogos Olímpicos, se prepara em diversos pontos. Do lado esportivo, é a oportunidade de competir em todas as modalidades e assegurar o maior número de medalhas possível — e com o Japão, não é diferente.
Porém, em um esporte em especial, os japoneses haviam traçado um audacioso projeto: o judô. A ideia era ganhar todas as medalhas de ouro em disputa, nas sete categorias masculinas e femininas, além da inédita competição por equipes mistas. Se esse plano A não fosse atingido, o B era subir no pódio e levar 15 medalhas.
Na largada das Olimpíadas de Tóquio, a meta estava sendo atingida, e os japoneses haviam comemorado seis conquistas, sendo quatro delas de ouro. Mas, nesta terça, na lendária Budokan Arena, uma atleta não conseguiu superar as oitavas de final da categoria feminina até 63 quilos e, de certa forma, "atrapalhou" os planos do comitê local.
Ao perder para a polonesa Agata Ozboda-Blach, Miku Tashiro desabou em um choro comovente. Como se aquela fosse a última luta de sua carreira, a atleta da casa precisou do amparo de seu treinador, que lhe ofereceu o ombro e a consolou por longos 10 minutos, enquanto ela seguia aos prantos, de forma quase convulsiva.
A cena roubou as atenções de todos, e os fotógrafos imediatamente apontaram suas lentes para a judoca de 27 anos.
O curioso é que, enquanto o drama de Miku Tashiro era visto, as disputas seguiam. Mas o momento era dela. Não imagino o que ela gostaria de dizer, até porque ela teve de seguir sua caminhada pela área de entrevistas, de forma silenciosa, como se passasse a estar de luto.
Talvez a dona de duas medalhas de prata em Mundiais se sentisse a pior do planeta naquele instante. Com certeza, ela gostaria de sumir da Budokan Arena naquele momento, mas não era possível. Ficou a cena comovente — com certeza Tashiro não desonrou o judô japonês em seu templo, e seu choro expressou um sentimento de alguém que terá de se reerguer.
Mas, por se tratar do esporte que ensina a cair e levantar, é certo que ela seguirá sua caminhada e honrando as lições de Jigoro Kano, o criador do judô.
Sem medalha, mas feliz com o desempenho, Ketleyn projeta 2024
A brasiliense Ketleyn Quadros irá carregar para todo sempre a honra de ter sido a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha olímpica em um esporte individual, com o bronze em Pequim 2008.
Nas duas últimas edições olímpicas, ela ficou fora e decidiu apostar tudo na tradição da Sogipa. Desta forma, deixou o Minas Tênis Clube e se mudou para Porto Alegre.
O crescimento foi nítido, e ela chegou a Tóquio como candidata ao pódio. Mesmo tendo caído nas quartas de final e na repescagem, ela não demonstrava frustração, algo que seria natural.
Porta-bandeira do Time Brasil na Cerimônia de Abertura, a atleta de 33 anos estava feliz com tudo o que conquistou neste ciclo olímpico. Na entrevista que me concedeu, se disse grata à Sogipa que a acolheu e projetou uma nova tentativa, desta vez em Paris 2024.
Foi uma terça-feira de sentimentos e emoções, algo que só o esporte é capaz de traduzir.