O governo japonês estuda a possibilidade de organizar os Jogos Olímpicos de Tóquio sem espectadores para evitar a disseminação do novo coronavírus. A informação foi veiculada pela agência Kyodo News nesta sexta-feira (22) em meio a rumores que colocam em dúvida a realização do mega-evento esportivo.
A proposta surgiu em função de que a pandemia de covid-19 não deverá estar sob controle até 23 de julho, data da cerimônia de abertura da Olimpíada. A ideia de realizar o evento sem a presença do público seria uma tentativa de evitar seu cancelamento ou outro adiamento e fragilizar a administração do primeiro-ministro Yoshihide Suga.
De acordo com a Kyodo News, o Japão passou a analisar três cenários: não impor um limite para a presença de público; estabelecer um limite de 50% da capacidade dos locais de competição; ou realizar as provas com portões fechados.
O aumento no número de casos da doença no território japonês e o Estado de Emergência decretado pelo governo são fatos que estão pesando na balança.
"É improvável que (a pandemia) seja contida neste verão", disse um alto funcionário do governo, acrescentando que se tornou difícil hospedar eventos sem limitar o número de fãs. Esta fonte disse à reportagem que a primavera, que começa em março no país asiático, seria o limite para esta definição.
Toshio Nakagawa, presidente da Associação Médica do Japão, declarou nesta sexta que "não é possível" receber torcedores estrangeiros se os hospitais continuarem a lutar com um aumento acentuado no número de pacientes com covid-19.
— O número de delegações é enorme por si só. Devo dizer que não é possível o sistema médico aceitar (visitantes do Exterior) quando está sob pressão constante.
Não contar com a presença de público nos Jogos pode representar um enorme prejuízo para o comitê organizador Tóquio-2020, que espera obter uma receita de 90 bilhões de ienes (R$ 4,7 bilhões) com a venda de ingressos. Uma outra hipótese seria permitir apenas a presença de torcedores locais que já tenham adquirido entradas previamente.
Na quinta-feira, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, em entrevista à Kyodo News disse não existir um plano B e que acredita na realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos este ano, mesmo que “alguns sacrifícios tenham que ser feitos” ao comentar a presença dos fãs nos locais de competição.