Antes do anúncio do adiamento dos Jogos de Tóquio 2020, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) já estava atento à nova realidade dos atletas, isolados e impedidos de frequentar clubes ou centros de treinamento. Na segunda-feira (30), o comitê divulgará um manual específico para os esportistas, com recomendações para evitar a proliferação do vírus e dicas de treinamentos adaptados para o período de reclusão pelo coronavírus.
Desenvolvido pela equipe de preparação física da entidade, o programa de treinos pode ser realizado em qualquer ambiente, com inúmeras possibilidades de adaptação das atividades. Além das orientações sanitárias amplamente difundidas em meio ao avanço do coronavírus, a cartilha reforça a importância da alimentação saudável e da qualidade do sono, para manter a imunidade alta. Mesmo assim, as projeções mais otimistas já sinalizam prejuízos gerais na preparação.
— A literatura da medicina esportiva indica que a interrupção dos treinos a partir de três semanas representa uma perda de 30% de força para os atletas — afirma a coordenadora médica do COB, Ana Carolina Côrte.
Apesar de cenário desalentador, a especialista em medicina do esporte estima que, com a volta à normalidade, os atletas conseguirão retomar as condições físicas em menos de um mês. Nesse momento de indefinição em relação ao futuro das competições, ela recomenda que "os atletas devem focar no que é possível ser controlado".
Ana Carolina diz que todos serão atingidos pela pausa forçada, mas atletas de algumas modalidades, em especial, sofrerão mais com a restrição e a diminuição da qualidade dos treinos:
— A ginástica artística é um exemplo. O Arthur Zanetti não vai conseguir levar para casa as argolas. Mas a saúde está acima de tudo nesse momento. Por isso, sugerimos que os atletas treinem em casa, pelo menos uma hora por dia, e não saiam nem mesmo para fazer atividades ao ar livre, como corridas em parques.
Diante do cenário de incertezas em relação à retomadas do calendário esportivo, Ana Carolina diz que só resta esperar pelo recuo da pandemia.
— Quando forem definidas as novas datas (da Olimpíada e das demais competições), os treinadores vão ter de pensar uma nova periodização de treinos — afirma ela, lembrando que o planejamento prioriza o auge físico dos atletas durante os Jogos.