Vice-líder do ranking mundial, amigo de Gabriel Medina e "Neymar do skate". Você pode não saber, mas o Brasil deve ser representado por um dos mais talentosos skatistas do mundo nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. E o melhor, ele é gaúcho. Luan Oliveira, 28 anos, não é nenhuma novidade no circuito mundial de street — modalidade que usa obstáculos das cidades para manobras. Ao contrário, o porto-alegrense tem um currículo de causar inveja a muito adversário. Para o evento no Japão, inclusive, já se coloca entre os medalhistas.
— Eu, claro (estarei no pódio). Acho que o Nyjah (Huston, norte-americano), eu e Kelvin (Hoefler, brasileiro). Não vou falar as colocações, mas acho que seria esse o pódio (risos) — projetou bem-humorado.
À vontade, Luan recebeu a equipe do GaúchaZH em sua cobertura no bairro Petrópolis, na zona leste de Porto Alegre. De boné e com o skate em mãos, o atleta deixou de lado sua timidez característica em um de seus raros momentos de descanso na Capital.
Durante o ano, Luan se divide entre Porto Alegre e a Califórnia, nos Estados Unidos. É sempre assim. Na Capital gaúcha, curte os amigos e relaxa. Em solo americano, o foco é 100% no skate. Tanto que é difícil encontrá-lo em casa – somente uma vez por mês desembarca no Rio Grande do Sul. No início de sua carreira, chegou a ter residência fixa nos Estados Unidos, já que o país abriga os principais campeonatos da modalidade, mas voltou e não faz a menor questão de mudar suas raízes novamente.
Amo muito Porto Alegre. Quando estou aqui, faço churrasco com os amigos, jogo vídeo game, corro
LUAN OLIVEIRA
Sobre manter residência fixa no RS
— Não (penso em me mudar), eu amo muito Porto Alegre. Tanto que eu comprei esse apartamento com vista para onde eu cresci, no Partenon. Gosto muito de estar em casa. Me sinto muito em casa em Porto Alegre. Quando estou aqui, faço churrasco com os amigos, jogo videogame, corro. Quando eu vou pra lá (Estados Unidos), é foco total no skate, e aqui é mais relax — revelou.
A comparação com o atacante da Seleção Brasileira Neymar foi atribuída ao skatista há três anos, em 2015, quando fez a melhor temporada de sua carreira e encerrou o ano no topo do ranking mundial da Street League. Contudo, apesar de achar engraçado, o apelido é rejeitado pelo gaúcho, que diz estar longe de ser um atleta do nível do jogador do PSG.
— Acho nada a ver, acho até uma falta de respeito com o Neymar (risos). Os caras são realmente 100% atletas. Não que eu não seja focado, mas é diferente. O skate é mais lifestyle — declarou.
No entanto, o futebol também é a praia de Luan. Gremista, acompanha à distância seu time do coração e já pensou em se aventurar nos gramados. Chegou a jogar um ano nas categorias de base do Grêmio, mas a intimidade com as quatro rodinhas falou mais alto quando, aos 10 anos, ganhou seu primeiro skate.
—Skate é um amor eterno. Só quero andar de skate, ser feliz e fazer o que eu amo. Se tenho algum problema, subo no skate e já esqueço isso. Se eu estou feliz, faço a mesma coisa — contou.
A habilidade esportiva não é mais a única característica incomum entre Luan e Neymar. Agora, os dois são atletas olímpicos. O atacante fez sua parte ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Rio 2016, façanha que o skatista acredita ter plenas condições de alcançar em Tóquio 2020.
Com o skate oficialmente inserido no programa olímpico para as modalidades park e street, o gaúcho é um dos favoritos ao pódio. Ao seu lado, o paulista Kelvin Hoefler também aparece como forte candidato.
— Eu me vejo (representando o Brasil). Tudo que tem skate envolvido quero estar junto, quero estar andando. Deve ser uma sensação muito louca e vai ser louco. Para mim, ia ser um orgulho enorme. Vestir a camisa do Brasil vai ser uma honra. Ano que vem, vai rolar a seleção da Olimpíada. Então, vou estar muito mais focado e, claro, focado em representar o Brasil. E, se Deus quiser, ser um dos selecionados — ressaltou antes de elogiar o colega de modalidade:
— O Kelvin é um baita atleta há muitos anos já. A gente compete há, no minimo, uns 10 anos juntos. Ele é o cara certo para representar o Brasil na Olimpíada. Um cara que é competitivo.
Um nome apenas deve distanciar os brasileiros do tão sonhado ouro na estreia da modalidade em Tóquio: Nyjah Huston. O norte-americano de 24 anos é o maior fenômeno do street da atualidade. Conquistou tudo o que podia nos últimos anos e é apontado como forte candidato ao título no Japão.
Com certeza, ele é favoritíssimo ao ouro na Olimpíada. É muito bom em tudo, não erra.
LUAN OLIVEIRA
Sobre o norte-americano Nyjah Huston
—Ele é uma máquina já há muitos anos. Desde novinho ele já ganhava muito campeonato. Com certeza, ele é favoritíssimo ao ouro na Olimpíada, sem dúvida. Ele é muito bom em tudo, não erra. Ele é gurizão, quietão assim, de boa. O cara só quer andar de skate e é uma máquina — exaltou Luan.
Além do foco total no ano pré-olímpico, 2019 também terá uma novidade para a rotina de Luan. O gaúcho estreará um programa próprio no canal Off, da Globosat, no mês de janeiro. O nome do reality e o dia de estreia ainda não foram divulgados pela emissora.
Skate nos Jogos de Tóquio 2020
No Japão, o skate será disputado nas provas de street e de park. O Brasil terá 12 representantes, sendo três no masculino e três no feminino em cada uma das modalidades. Em 2017, Comitê Olímpico do Brasil (COB) filiou a Confederação Brasileira de Skate (CBSk), agora sob a gestão de Bob Burnquist, e reconheceu a entidade como responsável pelo projeto da modalidade rumo a Tóquio 2020.
A escolha dos atletas acontece a partir de um circuito brasileiro criado pela entidade. O STU Qualifying Series tem 10 etapas, cinco street e cinco park. Essa é a principal competição nacional a somar pontos para o ranking da CBSk, que formará a seleção brasileira de skate para os Jogos.
A cerimônia de abertura da Olimpíada está marcada para 24 de julho de 2020, uma sexta-feira. O street masculino ocorrerá no sábado, 25 de julho. O street feminino será no domingo, 26 de julho. O park feminino está previsto para 4 de agosto e o park masculino, em 5 de agosto.
Além de Luan Oliveira e Kelvin Hoefler, Letícia Bufoni e Pâmela Rosa também são favoritas a medalhas no street — números 1 e 2 do ranking mundial feminino, respectivamente. Já no park, o catarinense Pedro Barros é líder do ranking e favorito ao ouro na modalidade.