Quando o nadador Michael Phelps tirou o abrigo pela primeira vez para jogar-se nas piscinas do Rio, os espectadores tomaram um susto. O maior medalhista olímpico da história tinha o corpo coberto por marcas circulares avermelhadas, como se fossem hematomas. Nos dias que se seguiram, os círculos misteriosos apareceram em vários outros atletas da natação e mesmo de outros esportes, principalmente na delegação dos Estados Unidos. Parecia uma epidemia, mas era um sinal da mais nova moda entre atletas de ponta: a ventosaterapia.
Técnica milenar da medicina tradicional chinesa, a prática consiste em aplicar copos de vidro em diferentes pontos do corpo, gerar vácuo no interior deles e provocar sucção na pele. O efeito esperado é de forçar a circulação de sangue em grupos musculares fatigados, como forma de prevenir lesões, aliviar a dor e melhorar o desempenho físico.
– Pelo esforço físico que realiza, o atleta sofre contraturas. Começa a haver menos aporte de sangue nos grupos musculares que ele usa mais. A ventosaterapia melhorar essa irrigação – explica a acupunturista Ana Laux, do Núcleo de estudos Avançados em Medicina Chinesa (Neamec).
Ana, que atua em Porto Alegre, procurou se especializar na aplicação da ventosaterapia no esporte a partir do interesse que identificou entre atletas amadores. Ela afirma que tem treinado fisioterapeutas esportivos, de academias e até mesmo de um clube profissional do futebol gaúcho, mas observa que a técnica ainda não é muito conhecida pelo atletas brasileiros.
– A entrada da medicina tradicional chinesa é lenta no Brasil. Mas acredito que agora vai aumentar o interesse, por que os resultados são muito bons.
A fisioterapeuta Ingrid Borges, que utiliza a ventosaterapia há sete anos, diz que a ténica tem também um efeito de relaxamento dos músculos. Para ela, a exposição pela TV das marcas na pele dos atletas norte-americanos deve ajudar a popularizar a técnica.