As emissoras brasileiras fizeram altos investimentos nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O evento no Brasil teve transmissão de Globo, Band e Record na TV aberta, além de SporTV (com 16 canais), ESPN, Fox Sports e BandSports entre os canais por assinatura. Mas a mídia do continente americano tem um problema a encarar nos próximos seis anos: as próximas três edições olímpicas, entre Jogos de verão e inverno, serão na Ásia.
Além dos Jogos de Tóquio, no Japão, em 2020, as duas próximas edições da Olimpíada de inverno serão no outro lado do mundo: Pyeongchang, na Coreia do Sul, em 2018, e Pequim, na China, em 2022. A grande diferença do fuso horário asiático em relação aos países americanos já preocupa, por exemplo, a mídia dos Estados Unidos.
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Em entrevista ao The New York Times, Rich Greenfield, analista da empresa americana BTIG Research, explicou que apostar na produção de conteúdos digitais possa ser um diferencial.
– Noventa por cento do conteúdo da Ásia acontecerá enquanto estamos dormindo. E, quando acordarmos, vamos ver nossa linha do tempo do Twitter e novas histórias nos contando o que já aconteceu – ponderou.
Para o especialista em marketing esportivo Eduardo Esteves, o impacto da audiência no Brasil costuma ter efeito reverso. A curiosidade despertada nas pessoas faz com que os números se elevem.
– Falamos de um evento de quatro em quatro anos aguardado por bilhões de pessoas. São 20 dias em que as pessoas podem dormir pouco, trabalhar mais, mas acompanharão algo que se eterniza na história. Na época, a Copa de 2002 (realizada na Coreia do Sul e no Japão) foi um sucesso absoluto de audiência, uma das maiores da história da TV brasileira até então – argumenta.
Nos Estados Unidos, os direitos dos próximos Jogos Olímpicos pertencem à emissora NBC. E já há uma projeção de que o canal pedirá para que os esportes mais populares no país ocorram em horários adaptáveis ao fuso – por exemplo, que sejam marcados para o turno da manhã na Ásia, que seria à noite, no horário nobre da televisão dos Estados Unidos.
Apesar do fuso horário de diferença pequena – uma hora entre Rio de Janeiro e Nova York –, o Rio 2016 não teve grandes índices de audiência na América do Norte. Em comparação a Londres 2012, houve um declínio de 18%, ainda que tenha havido um crescimento na audiência através de dispositivos móveis.
No Brasil, a preocupação é menor. Os Jogos Olímpicos de inverno já costumam ter cobertura e investimentos limitados no país. A Olimpíada em Tóquio terá um modelo semelhante ao que ocorreu em Pequim, em 2008 – transmissões ao vivo durante a madrugada, com reprises e cobertura jornalística ao longo do dia. Além disso, a busca por uma entrada mais significativa de empresas do continente americano no mercado asiático podem ser um fator positivo.
– Basta notar os atuais esforços de gigantes do mercado, esportivo ou não, para conquistar o mercado asiático, em franco crescimento há muitos anos. Os Jogos de 2020 servirão como uma fundamental plataforma de expansão e consolidação de mercado – completa Esteves.
*ZHESPORTES