Se há uma maldição no futebol brasileiro a ser quebrada é o ouro olímpico. Ou a falta dele. Já são três medalhas de prata e muitos tropeços (alguns bem feios). Pois caberá ao baiano de 47 anos Rogério Micale tentar o sucesso onde nomes de grife como Zagallo, Luxemburgo, Dunga e Mano Menezes falharam, comandando a seleção masculina. Um time nacional de opostos, de Neymar, o mais conhecido de todos, ao quase “anônimo” Micale.
– O mais desconhecido desse time é o técnico. Os demais são jogadores afirmados no cenário nacional e internacional – brincou o treinador brasileiro. – Temos um uma equipe muito boa, com o reforço do possível melhor do mundo (Neymar) atuando junto. Vamos mostrar dedicação para buscar a medalha (de ouro) – completou.
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De fala mansa, o treinador tenta o ouro e se tornando uma espécie de Dungas às avessas. Colocará um time ofensivo em campo, com três virtuoses no ataque. E a ousadia poderá ser ainda maior em meio aos Jogos. Em caso de problemas para fazer gols, não nega o desejo de mandar um quarto atacante a campo: Luan ou Rafinha.
– Olha, se ainda precisar de mais gente para mudar o jogo, precisarei chamar Jesus Cristo – respondeu Micale, com bom humor, ao ser questionado sobre quem seria a terceira opção ofensiva no banco de reservas. – Minha vida já mudou. Me preparei durante muitos anos para viver isso, fiz um projeto de carreira para treinar na base, procuro aprender sempre. O futuro a Deus pertence, mas o maior objetivo é conduzir esse elenco da melhor forma possível na Olimpíada – completou, agora sério.
Ainda que não tenha confirmado a equipe, a formação titular para a estreia contra a África do Sul não terá surpresas e contará com os três jogadores acima dos 23 anos de idade em campo: Weverton, Renato Augusto e Neymar.
– Vamos tentar fazer alguma surpresa ao adversário. Mas os jogadores acima da idade que são convocados chegam para ser titular – reconheceu Rogério Micale.
Mas se o Brasil deseja pavimentar a partir do jogo 1 a sua estrada de ouro, o adversário também parece ter sonhos mais altos. Owen da Gama, o treinador sul-africano, descendente do famoso navegador português Vasco da Gama, apostará nos contra-ataques em Brasília.
– O Brasil é a mãe do futebol. Sempre admirei os jogadores brasileiros: Pelé, Garrincha, Ronaldo. Sempre gostei do estilo do futebol brasileiro. Respeitamos e admiramos quem tem uma seleção que é pentacampeã mundial, mas esperamos fazer um bom papel na estreia – comentou o treinador.
Ex-atacante de clubes pequenos na África do Sul, Owen da Gama tem entre seus grandes ídolos Pelé, Garrincha e Ronaldo. Aos 54 anos, o treinador sul-africano apostará no entrosamento da sua equipe para tentar surpreender a seleção brasileira – como em Sydney, quando o Brasil perdeu por 3 a 1 para os africanos.
– Futebol é coletivo, Brasil tem grandes jogadores, Gabriel, Gabriel Jesus, Neymar, mas é um jogo coletivo. O nosso jogo é muito coletivo. Foi assim que obtivemos nossa classificação aos Jogos, diante de Senegal – disse o sul-africano.
TORNEIO OLÍMPICO DE FUTEBOL MASCULINO
BRASIL x ÁFRICA DO SUL - 1ª RODADA - GRUPO E - 4/8/2016 - 16h
BRASIL
Weverton; Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio e Douglas Santos; Thiago Maia, Renato Augusto e Felipe Anderson; Gabriel Barbosa, Gabriel Jesus e Neymar.
Técnico: Rogério Micale
ÁFRICA DO SUL
Jody February; Mathoho, Mngonyama, Rivaldo Coetzee e Moerane; Mobara, Dolly, Ntshangase e Ty Sandows; Mekoa e Motupa.
Técnico: Owen da Gama
LOCAL: Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF).
INÍCIO: 16h.
ARBITRAGEM: Antonio Mateu Lahoz, auxiliado por Pau Cebrian Devis e Roberto Perez (trio espanhol/Fifa).
O JOGO NO AR: a Rádio Gaúcha abre a jornada esportiva às 15h30min. RBS TV, Band, SporTV, Fox Sports e ESPN Brasil transmitem o jogo vivo.