As perguntas que mais respondo em minhas palestras são: "Como é o sentimento de parar? Como você se sentiu saindo das quadras?". Na verdade, este tema é um assunto corriqueiro entre os atletas. Cada um tem um depoimento e um sentimento diferente. É a saudade apertada e suada da rotina de treinos, das concentrações para os jogos, daquele friozinho na barriga antes das grandes competições, do grito da torcida, das mensagens carinhosas e motivadoras da família e amigos. Mas a opção mais lembrada por todos é, sem dúvida, o convívio com a equipe: as brincadeiras, os amigos, as cobranças, as vitórias e as derrotas. Até os técnicos são lembrados com saudade!
Realmente não é fácil, mas estas maravilhosas lembranças passam e ficam na memória. Uma época de muita entrega e compartilhamento. O orgulho de cantar com o peito cheio o hino brasileiro, a volta para casa depois de 40 ou 50 dias de viagem, o avião sobrevoando o Guaíba - antes de pousar dá para sentir o cheiro da paleta de cordeiro assando com feijão, arroz e quibebe. Que coisa boa! As músicas de Jayme Caetano Braun estavam sempre comigo para lembrar o meu Rio Grande, mas bah! Foram momentos que marcaram muito.
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As lembranças mais fortes são as listas das convocações, as discussões com os companheiros, os pontos decisivos e importantes. Confesso que não sofri muito, pois tenho excelentes recordações dos 12 anos de seleção brasileira e de como cheguei até lá. Mas é muito bom reencontrar os velhos amigos de tantas batalhas e risadas e colocar a conversa em dia. Antes o tempo não passava e só tomávamos refri e sucos, dávamos risadas de tudo - dos treinos, dos erros, das vitórias e das furadas nas derrotas, inclusive das brigas com o Zé Roberto, nosso técnico.
Ficam as belíssimas recordações, principalmente a alegria e o prazer de vestir e defender as cores do nosso país, o orgulho dos amigos, da família, e uma enorme e sensacional bagagem de valores. De verdadeiros e queridos amigos que ajudaram a traçar este caminho no esporte, ou melhor, neste que é o melhor esporte do mundo, o vôlei! Preciso agradecer sempre a oportunidade que tive com pessoas que me ensinaram muito, dentro e fora da quadra, os valores inestimáveis de um aprendizado riquíssimo. Esta, sem dúvida, é a minha maior vitória.
*ZHESPORTES