Desde o final dos anos 90 a Ginástica Artística entrou de vez no cardápio esportivo dos brasileiros. Como toda a modalidade olímpica que cai no gosto popular, contou com uma geração empolgante no naipe feminino. Vimos os "duplos twists" da Daiane dos Santos renderem medalhas e o inédito título mundial. Ainda hoje competindo, Daniele Hypolito se tornou presença constante na mídia, respaldada por bons resultados. Camila Comin foi parar no Cirque du Soleil e Jade Barbosa surgiu como uma espécie de "princesinha do esporte", alternando momentos de glória com dramas envolvendo política e lesões. Todas elas deram visibilidade à ginástica, foram e são competentes, tornaram-se ídolos, mas não conseguiram dar uma medalha olímpica ao Brasil.
Equipe feminina fica fora da zona de classificação olímpica no Mundial de Ginástica Artística
Fazer uma cobrança forte sobre isto é uma injustiça para quem sofre com dores horríveis e privações para colocar uma nação na vitrine mundial de seu esporte. Talvez elas tenham tropeçado numa administração por parte da Confederação que exagerou na blindagem. As mulheres brasileiras da ginástica sempre estiveram envoltas numa tensão técnica e psicológica que mexia - talvez ainda mexa - com a cabeça delas, de quem as treinava e dos que as dirigiam. A diretoria da Confederação alimentou uma vaidade grupal que nem sempre era compartilhada pelas atletas.
Paralelo a isto, a equipe masculina sempre foi mais discreta. Tinha resultados modestos, mas sempre crescentes. A geração de Diego Hypolito que tinha o gaúcho Mosiah Rodrigues. Mesmo com as glórias de Diego, sempre teve menos mídia, mas evoluía sem que a Confederação criasse qualquer obstáculo. Foi neste ambiente que se buscou a primeira medalha brasileira na ginástica, e foi ouro com Arthur Zanetti em Londres. E foi assim que agora a equipe brasileira se classificou pela primeira vez para uma Olimpiada, com chances de aumentar o número de pódios no Rio.
Brasil faz história e conquista vaga olímpica inédita na ginástica masculina
Menos tensão, menos badalação de dentro para fora, muito talento e treinamentos de qualidade fazem com que mude o naipe de maior atenção para o público, até porque a equipe feminina desta vez ficou fora dos Jogos. É hora de torcer para homens e mulheres, mas a expectativa de medalha está praticamente só no naipe que foi melhor trabalhado ao longo dos últimos anos.
*ZHESPORTES