Os últimos meses não têm trazido grandes resultados para Sarah Menezes, campeã olímpica na categoria ligeiro (até 48kg). Apesar de estar desde julho sem subir ao pódio em competições internacionais, a judoca do Piauí se mantém na elite de sua categoria no mundo - ocupa a segunda colocação no ranking - e segue como uma das esperanças de medalha do Brasil na Olimpíada.
Sarah lembra que o momento atual é bem diferente do vivido há pouco menos de três anos, quando não era tão estudada pelas adversárias quanto agora. Ao ser perguntada sobre a responsabilidade de defender o ouro em casa, suspira antes de admitir:
- É muito grande.
Em Porto Alegre para um período de treinamentos na Sogipa, ela recebeu jornalistas e falou sobre a preparação para o Rio, as viagens para buscar diferentes parceiros de treinos e as características do judô gaúcho, que, segundo ela, foca na força para formar seus campeões. Confira os principais trechos da conversa.
Como está sendo essa temporada no Rio Grande do Sul? É importante variar os locais de treinamento?
Está sendo maravilhoso. O judô é o esporte individual mais coletivo que existe. Você precisa de pessoas para treinar das mais diversas formas para melhorar o leque de movimentação e de golpes. Aperfeiçoar as técnicas.
Como está a preparação para as próximas competições?
Está excelente, com muitos treinos. Na semana passada estávamos todos concentrados na Bahia, no centro de treinamento pan-americano. Estou agora no Rio Grande do Sul e na próxima semana viajamos para o Canadá. Depois, temos outra concentração no Grand Slam de Bakul (Afeganistão). Ainda temos treinamentos no Japão, com a seleção japonesa. E assim a Confederação Brasileira trabalha com todos os atletas, variando países para que o atleta se sinta melhor e mais confiante.
Há como projetar quantas medalhas o judô brasileiro vai conquistar no Rio?
Acredito que as medalhas vão vir, mas é impossível projetar a quantidade porque o judô é algo muito rápido. Você pode ganhar ou perder em segundos.
Qual o tamanho da responsabilidade de competir no Rio como campeã olímpica?
É muito grande. Existe muita pressão, tanto minha como dos patrocinadores, amigos, família. No Brasil a torcida toda, a expectativa, é muito grande. Tudo conspira.
Como você compara o momento que vive hoje com aquele de três anos atrás, antes da Olimpíada de 2012?
Hoje é bem diferente. As pessoas me conhecem, estudam, tem mais atenção. Antes, não. Como eu não estava lá na frente no ranking, não era tão estudada. Temos muitos exemplos disso no Brasil. Aqui no Rio Grande do Sul temos o exemplo do Felipe Kitadai. Vinha sem muitos resultados na competições, chegou à Olimpíada e ganhou medalha. Isso varia muito, o psicológico também influi. Como o atleta acorda naquele dia, com o pé esquerdo ou o direito. Na competição, às vezes quem não tem tanto resultado é campeão. Ou o favorito vai lá e perde na primeira luta.
Esse estudo maior dos adversários muitas vezes provoca uma queda nos resultados. Como um campeão olímpico lida com, eventualmente, não ter os mesmos resultados de antes?
Isso vai muito da confiança, da tranquilidade. Focar na estratégia de luta, na tática. Na forma de agir durante o combate. Tem de ser bastante inteligente e confiante para dar tudo certo.
Como você está fisicamente um ano antes da Olimpíada?
Eu sou uma atleta privilegiada porque participei de dois ciclos olímpicos e não tive nenhuma lesão grave. Nunca fiz nenhuma cirurgia. Eu tenho de agradecer muito para ir a mais uma Olimpíada e não ter uma lesão. Nunca tive uma experiência de passar muito tempo fora. Tenho pequenas lesões pelo judô ser um esporte de contato.
O judô gaúcho tem expoentes masculinos nos pesos mais leves, como o João Derly. Como você pode tirar proveito disso?
É bem dinâmico. Varia muito do atleta, da maneira que ele luta. O judô gaúcho coloca bastante força. O feminino é mais de movimentação. O meu estilo é mais próximo do japonês, de movimentação. É difícil comparar hoje o judô masculino e o feminino.
Treinando aqui pela primeira vez aqui, você chega a perceber alguma diferença no estilo?
Com certeza. Principalmente a força. O judô gaúcho é muito baseado na força. Eles trabalham tudo, mas têm esse foco na preparação física e na força.
* ZH Esportes