A Seleção Brasileira se despediu da Copa América com a eliminação nas quartas de final para o Uruguai, no último sábado (6), tendo obtido apenas uma vitória em quatro jogos disputados. Mais que os resultados ruins, o técnico Dorival Jr. deixou os Estados Unidos sem aproveitar o longo tempo que teve com seus comandados para consolidar uma ideia de jogo.
Conhecido por ser um treinador capaz de se adaptar a elencos tendo conquistado títulos importantes em clubes como Santos, Flamengo e São Paulo jogando de diferentes maneiras, Dorival Jr. não conseguiu encontrar um modelo de jogo funcional ao longo da Copa América. Entre o início da preparação e a partida contra o Uruguai foram 37 dias do treinador com o elenco da Seleção nos Estados Unidos.
Dorival iniciou a competição apostando na ideia de ataque do Real Madrid sem um centroavante de ofício, com Rodrygo como homem central e Vini Jr. aberto pela esquerda tentando atacar espaços em diagonal. A questão é que a funcionalidade do time de Ancelotti passa muito por ter no início da construção das jogadas nomes como do alemão Toni Kroos, do francês Tchouaméni e do croata Luka Modric. Assim, o Real costuma atrair seus adversários com troca de passes e então gerar os espaços que são atacados por Vini, Rodrygo e também o inglês Jude Bellingham e o uruguaio Valverde.
Na Seleção, Dorival Jr. montou um meio-campo com Bruno Guimarães, João Gomes e Lucas Paquetá, jogadores que funcionam melhor em transição, mas a Copa América não ofereceu ao Brasil adversários que deram espaço para essa transição, diferente do que havia acontecido nos amistosos com Inglaterra e Espanha, em março, os primeiros jogos sob o comando de Dorival. Faltou ao treinador a leitura para tender a diferença dos cenários.
Eliminação para o Uruguai
Depois de sofrer para superar a retranca da Costa Rica na estreia, se aproveitar das fragilidades do Paraguai e não conseguir se impor diante da Colômbia na fase de grupos, o Brasil teve no sábado diante do Uruguai um enfrentamento que teve o fator físico como preponderante. O Brasil conseguiu igualar a ocupação de espaços da equipe de Marcelo Bielsa e até construiu mais chances ao longo dos 90 minutos, mas todas elas no 11 contra 11.
O principal problema da equipe de Dorival Jr. apareceu depois da expulsão de Nahitan Nández. Quando ficou com 10 homens, Bielsa adotou uma postura defensiva e deu a bola para o Brasil. Contando os acréscimos foram 21 minutos da Seleção Brasileira com um homem a mais sem nenhuma chance clara de gol criada.
Os pênaltis decretaram a eliminação e o fim de participação na Copa América. A dificuldade de construção e o não funcionamento da ideia proposta por Dorival Jr. fazem a Seleção Brasileira retornar dos Estados Unidos sem um modelo de jogo consolidado. O Brasil voltará a campo pelas Eliminatórias em setembro ainda em busca de uma ideia que funcione não apenas quando o adversário oferecer espaços para o ataque brasileiro.