Atleta marcante na passagem de Zagallo como técnico da Seleção Brasileira, o ex-atacante Bebeto foi um dos mais emocionados na despedida do Velho Lobo, neste domingo (7), no Rio de Janeiro. Aos 59 anos, o eterno parceiro de ataque de Romário ficou boa parte do velório próximo ao corpo e aos familiares, em cerimônia realizada no Museu da CBF, na Barra da Tijuca.
— Quando cheguei, não conseguia falar, pois iria chorar. Ele foi minha referência, um segundo pai. Sempre ia visitá-lo quando podia durante os 22 dias em que ele ficou internado. Pra mim é uma referência. Que ele descanse em paz agora — disse.
Na Seleção Brasileira, Bebeto foi titular na conquista do Tetra em 1994, quando Zagallo era coordenador-técnico, e no vice-campeonato mundial em 1998, quando o Velho Lobo era treinador. Contudo, a relação da dupla começou muito antes, em 1984, quando o atacante foi lançado no Flamengo.
— O Zagallo foi o meu treinador no Flamengo quando eu cheguei da Bahia. Ali começou essa história. Foram muitos ensinamentos passados e que eu assimilei bem. Sou muito grato a ele. Além de um grande treinador, foi um grande pai de família — completou.
Bebeto citou, ainda, a capacidade de motivação do ídolo enquanto técnico, relembrando a histórica virada de 3 a 2 da seleção olímpica brasileira contra a seleção sul-africana, em um amistoso preparatório para os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. Na ocasião, quando a África do Sul abriu 2 a 0 no primeiro tempo, o técnico da equipe, Clive Barker, imitou um "aviãozinho" na comemoração, uma provocação que viria a ser respondida com pompa ao final do jogo pelo próprio Zagallo.
— O Zagallo nunca desanimava. Vou contar uma história dele: naquele jogo contra a África do Sul, ele saiu gritando: "Vocês tão de brincadeira, né. Vamos passar esse vexame aqui? É isso que vocês querem?". Aí voltamos do vestiário, estava 2 a 0, fizemos 3 a 2, ficou famoso pela comemoração do aviãozinho (feita por Zagallo) ao final da partida. Eu fico até emocionado de pensar naqueles momentos que passamos juntos. Ele vai ser eterno — finalizou.
Multicampeão pela Seleção Brasileira, Zagallo morreu nesta sexta (5), aos 92 anos, de falência múltipla dos órgãos. O corpo foi velado no Museu da CBF, na Barra da Tijuca, e será sepultado às 16h, no cemitério São João Batista, no bairro Botafogo.