Um dos maiores ídolos do esporte brasileiro e lenda do basquete mundial, Oscar Schmidt, 65 anos, vem sendo assunto frequente pelo universo da NBA. Ele é bem conhecido pelos norte-americanos, principalmente por causa do título de campeão do Pan-Americano contra os Estados Unidos, em 1987, e por ser considerado o maior pontuador da história da modalidade, com 49.737 pontos.
Recentemente, o ex-pivô Shaquille O'Neal o mencionou o brasileiro em uma publicação — divulgada pelo perfil Basketball Forever — que mostrava os recordistas de pontos no basquete. Oscar lidera a lista, mas pode ser ultrapassado por LeBron James na próxima temporada da NBA, caso o astro do Los Angeles Lakers marque 2.004 pontos.
— Deus queira que ele me passe, porque daí param de me encher o saco sobre esse assunto — afirma Oscar aos risos quando perguntado sobre o assunto. O "Mão Santa", como ficou conhecido, anotou os 49.737 pontos em 1.615 partidas, com média de 30,7 pontos por jogo.
Shaquille O'Neal quando compartilhou o post comentou "se eu fosse bom nos lances livres, eu seria um Oscar Schmidt". O brasileiro ficou honrado com o elogio e brincou com o jogador norte-americano: "ele também errava lance livre pra caramba".
O ex-pivô terminou a carreira com 52,7% de aproveitamento no fundamento e aparece em 10º na lista de maiores pontuadores, com 34.266. Oscar realmente era acima da média em lances livres, mas se considera um jogador completo no ataque.
— Sou bom em todos os fundamentos do ataque. Tive a honra de ser marcado pelo Scottie Pippen, que teve dificuldades contra mim, e ele me falou que na NBA a marcação é mais dura — conta o brasileiro, relembrando com orgulho o duelo contra a seleção norte-americana nos Jogos Olímpicos de Barcelona, de 1992. O Brasil saiu derrotado por 127 a 83, mas Oscar se destacou com 24 pontos.
Brasileiro recusou jogar na NBA
Oscar chegou a ser chamado para jogar pelo New Jersey Nets — atual Brooklyn Nets — após bom desempenho nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles. No entanto, o brasileiro decidiu recusar, pois teria que abrir mão da seleção brasileira, uma vez que não era permitido a jogadores profissionais atuarem em Jogos Olímpicos e Pan-Americanos.
— Estou nem aí para estas pessoas. Que se dane todo mundo que fala isso — disse Oscar quando questionado sobre as pessoas que o criticam por nunca ter atuado na NBA. Na lista compartilhada por Shaquille O'Neal, muitos torcedores desmereceram os números do brasileiro por ele nunca ter marcado pontos na liga norte-americana.
Top 5 da história e adoração por Larry Bird
Apesar de não ter atuado na NBA, o "Mão Santa" enfrentou alguns dos grandes nomes da história do basquete norte-americano. Michael Jordan, Magic Johnson e Scottie Pippen foram alguns deles. O brasileiro gostaria de ter jogado com Lebron James e Kobe Bryant, mas não teve a oportunidade.
— Os cinco melhores da história do basquete são: Michael Jordan, LeBron James, Kobe Bryant, Magic Johnson e meu ídolo Larry Bird. Para mim, ele foi fantástico e tive a honra dele ser meu padrinho quando entrei para o Hall da Fama do basquete — contou.
Em 2013, Oscar recebeu uma das maiores honrarias que podem ser dadas a um jogador de basquete: um lugar no seleto grupo de jogadores que fazem parte do Hall of Fame da modalidade, em Springfield, Massachusetts, nos Estados Unidos.
Oscar critica o basquete brasileiro atual
Se tem alguém que conhece bem a seleção brasileira de basquete é Oscar Schmidt. Ele marcou 7.963 pontos pelo Brasil e elevou o patamar do esporte no país. Nos últimos anos, entretanto, a seleção perdeu prestígio e vem tendo desempenhos ruins nas competições. A mais recente foi a Copa do Mundo de 2023, na qual o Brasil foi eliminado na segunda fase.
— Difícil torcer para um time que você sabe que não vai ganhar. Esperava mais dela, apesar da grande vitória contra o Canadá — afirmou Oscar. Desde 2016 fora das Olimpíadas, o Brasil poderia confirmar o retorno à competição na Copa do Mundo, mas acabou ficando de fora e terá o pré-olímpico pela frente, que o ídolo brasileiro considera uma competição "difícil de se disputar".
Parte do fraco desempenho da seleção nas competições, segundo ele, é por culpa da organização do basquete. A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) viveu momentos de escândalos de corrupção na década passada, prejudicando o desenvolvimento da modalidade. Mudanças foram realizadas na gestão, que atualmente é liderada por Guy Peixoto.
— É muita briga no basquete, pra quê? Temos uma boa diretoria, na minha opinião, pelo menos mudaram o presidente e o vice-presidente, o que ajudou a acabar com os escândalos recentes — opina Oscar.
No entanto, a CBB decidiu tornar o Novo Basquete Brasil (NBB) um torneio não oficial e está criando um novo campeonato nacional. Essa decisão não agradou diversos clubes brasileiros, que não concordam com a imposição da instituição. Para Oscar, a melhor solução seria "unificar esses dois campeonatos para melhorar a competição no Brasil".
Boa relação com o público gaúcho
No final da sua carreira como jogador, defendendo o Flamengo, Oscar Schmidt veio para Porto Alegre em 2001 enfrentar a Sogipa pelo campeonato nacional da época. O jogo foi disputado no Ginásio Tesourinha e o ídolo foi reverenciado pelo público.
— No Rio Grande do Sul o povo sempre me tratou muito bem. Sou agradecido à torcida, que torcia contra durante o jogo, mas depois me tratava de uma forma especial — relata Oscar sobre os torcedores gaúchos.