Agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil realizaram uma operação na Arena Dirceu Castro, em Cachoeirinha, após a partida entre Cruzeiro e Inter, nesta segunda-feira (29), pelo Gauchão Sub-20. Atletas e integrantes da comissão técnica do Cruzeiro foram intimados no vestiário após suspeitas de manipulação de resultados em jogos da equipe. Também foram apreendidos celulares dos supostos envolvidos.
Segundo o delegado Gabriel Bicca, também foram abordadas pessoas que estavam na arquibancada, suspeitas de envolvimento no esquema. A investigação apura eventual participação de atletas, comissão técnica e investidores do time Sub-20 do Cruzeiro em ajustes de jogos para obter lucros em apostas esportivas.
— Fomos ao local em razão de denúncias. Intimamos e entrevistamos atletas e demais integrantes, além de observar os celulares — disse o delegado.
Partidas do Cruzeiro receberam alerta do sistema de monitoramento da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) por oscilação nas cotações de resultados. Ou seja, entrou um volume grande de apostas em derrotas da equipe. Algumas por diferença superior a um gol.
O time perdeu todos os jogos disputados até aqui, inclusive o da tarde desta segunda-feira, contra o Inter, por 2 a 0. A equipe também foi derrotada por Grêmio (4x0), São José (5x1), Monsoon (4x1) e Aimoré (1x0).
Tradicional clube do futebol gaúcho, o Cruzeiro terceirizou a categoria sub-20. Investidores do Acre administram o time. Eles trouxeram jogadores de diversas regiões do Brasil para compor o grupo. Há suspeitas de que alguns desses atletas façam parte do esquema.
O presidente do Cruzeiro, Gerson Finkler, afirmou que o clube acionou a polícia e que está à disposição para todos os esclarecimentos. Ele enviou uma carta à FGF, ao STJD e ao Ministério Público manifestando preocupação com as suspeitas.
Os investidores do sub-20, Igor Souza e Alex Pinheiro, afirmaram desconhecer quaisquer irregularidades. Eles confirmaram, porém, que acharam "estranhos os comportamentos" de alguns jogadores especialmente na derrota para o Monsoon.
Ambos disseram que investem cerca de R$ 50 mil mensais. Em troca, esperavam obter percentuais de jogadores que eventualmente se destacassem e acabassem negociados.
As pessoas abordadas poderão ser chamadas à delegacia para prestar novos esclarecimentos. As suspeitas de manipulação no futebol gaúcho aumentaram em 2022, quando mais de uma dezena de jogos de divisões inferiores e categorias de base receberam alertas do monitoramento.
No mês passado, uma operação policial apreendeu celulares e documentos de pessoas ligadas ao Farroupilha, de Pelotas. Ambas as operações são conduzidas pela Polícia Civil gaúcha e não estão ligadas à Operação Penalidade Máxima, que é conduzida pelo Ministério Público de Goiás.