O técnico Hélio dos Anjos, da Ponte Preta, denunciou ter sido vítima de injúria racial durante o jogo contra o Brasil de Pelotas, na noite desta terça-feira (7), no Estádio Bento Freitas, em Pelotas. O caso aconteceu no retorno das equipes para o segundo tempo. O treinador relatou o fato ao árbitro Felipe Fernandes de Lima.
Na entrevista coletiva após a partida, que terminou com a classificação do Brasil de Pelotas à terceira fase da Copa do Brasil, Hélio dos Anjos também confirmou ter ouvido falas homofóbicas vindas da torcida xavante:
— Aconteceu. Infelizmente. Pareceu que eu tenho uma sina. Sempre acontece comigo. Eu respeito e tenho uma ligação muito grande com o Rio Grande do Sul. Minha filha é casada com um gaúcho. Esse tipo de situação, aqui em Pelotas e no Rio Grande do Sul, ela acontece sempre. Depois teve a homofobia — relatou.
O confronto foi retomado após Hélio dos Anjos afirmar que não tinha condições de identificar o autor das ofensas. O profissional demonstrou descontentamento com a postura do juiz que comandava o duelo.
— Eu que tenho que identificar? Eu tenho que mostrar quem é? É humanamente impossível. É um absurdo. Pela primeira vez na minha vida, em 38 anos de bola, que eu fui chamado pela palavra que fui chamado. Nunca tive qualquer problema. É um problema. A arbitragem não teve personalidade nenhuma. O árbitro queria que eu identificasse — contou.
Não houve registro de boletim de ocorrência. Na súmula, o árbitro Felipe Fernandes de Lima descreveu o ocorrido:
"No retorno do intervalo, ao adentrarmos o campo de jogo, fomos chamados pelo sr. Hélio dos Anjos, técnico da Ponte Preta, que relatou ter sido chamado de "negão filho da p***" por um torcedor localizado na arquibancada social do Brasil de Pelotas, atrás do banco de reservas da equipe visitante. A Brigada Militar foi acionada e solicitou a identificação do torcedor. O sr. Hélio dos Anjos não conseguiu identificar o torcedor, motivo pelo qual foi dado andamento ao jogo. Tal fato não foi presenciado ou percebido por nenhum integrante da equipe de arbitragem. Durante a averiguação dos acontecimentos, a torcida localizada na arquibancada social proferiu o seguinte cântico repetidas vezes: "Hélio, viado". Até o término da súmula, não foi me apresentado nenhum boletim de ocorrência. Nada mais a relatar."
